A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) considerou hoje que a estrutura e a forma de atuação dos meios envolvidos no dispositivo de combate a incêndios florestais deste ano “são muito idênticas” a 2022, apesar do reforço de meios.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, alertou para a forma como é feita a leitura do reforço de meios, porque o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) somam os meios de combate e os de vigilância.
“Tendo em conta aquilo que está nos mapas, pode dizer-se que há um reforço de meios, mas os mapas somam, o que achamos de duvidosa compreensão, os meios de vigilância e de combate”, disse à Lusa o presidente da LBP.
A diretiva operacional nacional do DECIR foi hoje aprovada na reunião da Comissão Nacional de Proteção Civil, presidida pela secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, e da qual faz parte, entre outros agentes de proteção civil, a LBP.
António Nunes disse que a Liga aprovou o documento, tendo em conta que foram acolhidas algumas sugestões por parte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), mas não significa que a LBP concorda totalmente com a forma como o documento está feito.
“O DECIR foi melhorado em alguns pontos, mas a matriz, forma de estar, organização e gestão é igual à de 2022, continuamos a ter 11 tipos diferente de organizações no teatro de operações”, lamentou, ressalvando que “a estrutura e forma de atuação são muito idênticas ao ano passado”.
António Nunes alertou para o facto de se estar a burocratizar cada vez mais o sistema de combate a incêndios de rurais.
O presidente da LBP considerou ainda tardios a divulgação dos relatórios sobre os incêndios de 2022 divulgados na quinta-feira pela Agência da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), defendendo que deviam ter sido apresentados para discussão pública antes da preparação do DECIR para 2023.
“Se queremos melhor face a 2022 não é neste momento que devem surgir os relatórios que apresentam recomendações na área da formação, organização e gestão e dificilmente são incorporados num documento hoje aprovado”, disse.
Na quinta-feira, foram divulgados três relatórios sobre os incêndios de 2022, designadamente o “relatório das lições aprendidas”, o dos peritos nomeados pelo Governo e o dos especialistas norte-americanos.
O “relatório das lições aprendidas” dos incêndios de 2022 defende que “são necessárias 45 ações corretivas” no sistema de fogos rurais, existindo 12 “medidas prioritárias” que devem ser aplicadas já este ano pelas entidades responsáveis pelo combate.
Por sua vez, o relatório dos 30 peritos convidados pelo Governo apresenta um conjunto de recomendações nas áreas da prevenção, combate e organização, gestão de grandes incêndios e proteção das populações após uma análise aos incêndios da Serra da Estrela, Murça e Vila Pouca de Aguiar Ourém, Ansião e Leiria e de Albergaria-a-Velha.
Lusa