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ACE: Abrantes: ACE fecha formação da Confederação do Turismo para restauração (C/ÁUDIO E FOTOS)

10/11/2021 às 10:51

“Disrupções da Cozinha Tradicional” foi o tema de uma workshop que encerrou um programa de ação/formação que a ACE (Associação Comercial e Empresarial de Abrantes, Constância, Sardoal, Mação e Vila de Rei) tem vindo a desenvolver com 13 empresas da restauração da sua área de influência.

O programa “Melhor Turismo 2020” foi desenvolvido pela Confederação do Turismo de Portugal e nesta ação realizada na terça-feira, dia 9 de novembro, esta instituição fez-se representar por Maria José Capacete que vincou o trabalho que foi feito pelos empresários do turismo que foram dos que mais sofreram com a pandemia.

Depois deixou a nota de que esta crise pandémica levou a que o turismo tivesse registado algumas alterações que os empresários do setor têm de saber dar resposta. Se por um lado os turistas mudaram rotas por outro os produtos que procuram também mudaram. E de acordo com esta responsável é preciso que todos percebam essas mudanças e a necessidade de fazer as adaptações necessárias para estes novos desafios.

Maria José Capacete deixou claro que quando se ouve falar nos anos difíceis e no PIB (Produto Interno Bruto) que não vai crescer “fala-se em números grandes. Só que para esses números grandes concorrem todos os vossos negócios e todos os vossos problemas”.

Ainda de acordo com a responsável a resiliência e força que têm tido tem de continuar e com uma aposta clara no fortalecimento das regiões. E este fortalecimento passa pelos produtos locais, mas muito por parcerias e sinergias “como as que estão nesta sala [edifício Pirâmide]”.

E a nova aposta no desenvolvimento dos territórios tem de apostar fortemente “em quem cá mora e não estar à espera do turista. A pandemia fez com que tudo se alterasse”. E para isto tem de haver esta noção que o turismo é “de pessoa para pessoa. E tem, primeiro, que haver o conceito que é necessário e que é as pessoas gostarem de cá morar.”

Maria José Capacete

Maria José Capacete deixou ainda uma nova nota em relação à qualificação das pessoas pois uma das coisas que hoje é tida em conta é o atendimento que é feito, na generalidade dos serviços. E a ideia se eu vou a um serviço ou comércio e for bem atendido vou lá voltar é, nos dias de hoje, uma das maiores realidades atuais. E os recursos humanos constituem, cada vez mais, um grande problema do setor do turismo, principalmente da restauração.

Antes de Maria José Capacete ter falado desta necessidade de desenvolvimento territorial e de parcerias, Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, tinha deixado, numa curta intervenção, a importância desta ação da ACE neste período de pandemia e pós-pandemia. O presidente da Câmara sublinhou a importância da formação e qualificação e deixou ainda a nota para os excelentes restaurantes existentes no concelho, para a feira de doçaria. Valamatos disse ainda que tem de haver uma aposta nas tradições gastronómicas e deu o exemplo recente do registo da marca “Bucho e Tripas do Pego” pela Confraria do Buxo e Tripas.

 

Já na sessão de encerramento desta ação Luís Filipe Dias deixou no ar a ideia de que Abrantes está com intenção de avançar para a criação de uma carta gastronómica concelhia. De acordo com o vereador esta investigação e edição pode mesmo ser uma realidade, tanto mais que o vereador deu o exemplo do excelente trabalho que foi feito nesta área no concelho de Mação.

Luís Filipe Dias observou ainda a região onde Abrantes está inserida, no Turismo do Centro, mas acima de tudo naquela que considerou ser uma das maiores organizações de turismo do país: A Rota da Estrada Nacional 2.

António Mauritti, ex-chef executivo dos restaurantes do Chef Chacal marcou presença nesta ação e no encerramento na terça-feira. Disse que em vez de Chef passou a ser “pastor da gastronomia porque tem apostado muito em falar de gastronomia e sobre gastronomia”.

E para os empresários e colaboradores de restaurantes presentes António Mauritti deixou umas notas sobre a disrupção ou o rasgar da ideia de cozinha tradicional portuguesa. E deixou meia dúzia de notas sobre a história de gastronomia de Portugal. Por exemplo se hoje é impossível falar de gastronomia portuguesa sem batata e tomate antes do século XVII era o caril e as especiarias que imperavam. Depois é que chegou o milho, o tomate e a batata das “américas” e entraram na “dieta” dos portugueses. A noutra nota foi de que a sericaia, o doce que todos apontamos ao Alentejo tem, segundo o Chef, origem na Índia.

O Chef apontou a ideia simples de desconstruir a tradição e inovar na apresentação de pratos com a aposta naquilo que é a base de qualquer tradição e que são os ingredientes. E apontou vários exemplos simples.

Pegando na ideia do sushi, um prato que teve origem no norte da China e que até ao século XIX era um prato em que o arroz não se comia e só ganhou o nome que tem hoje porque foi “reinventado” lançou um desafio local. Fazer um sushi com produtos locais.

E o Chef Mauritti, não sendo “sushiman” avançou para um corte na tradição do sushi, porque este pode não ser apenas com peixe. E pegando no toucinho fumado e com baixo teor de sal da empresa “Margaridos” e em queijo fundido da “Queijaria Brejo da Gaia” a que juntou pera rocha criou um sushi sem peixe e com produtos regionais. E sublinhou ainda que nos Açores temos folha de alga, temos os produtos é só criar e inovar.

Rolo de sushi com toucinho fumado, queijo de cabra e pera rocha

Chef António Mauritti

Rui Serras, presidente da ACE (Associação Comercial e Empresarial de Abrantes, Constância, Sardoal, Mação e Vila de Rei) destacou à Antena Livre os projetos ação/formação que têm uma componente prática muito forte e, neste caso, voltado para o turismo. E aqui não se trata apenas de ações teóricas pois tem consultores no terreno para ajudar os empresários. E neste campo, adiantou o presidente da ACE, há ações para os empresários, mas há também ações para os colaboradores de cozinha e de sala dos empresários da restauração.

Neste momento, no final desta ação, Rui Serras disse que o feed-back que teve dos empresários que estiveram neste “Melhor Turismo 2020” foi muito positiva.

Este programa começou em 2017 e na altura estiveram presentes 20 empresas e agora, nesta segunda fase, foram mais 13. Ainda falta fechar o programa em duas ou três das que fazem parte do programa para ele fechar totalmente.

Rui Serras destacou o facto de estar à espera que a Confederação do Turismo possa continuar a fazer estas ações e que a ACE possa continuar a ser uma das parceiras.

E naquilo que é, ou que pode ser, o grande desafio prático é não estarmos agarrados à receita de um determinado prato, mas sim agarrar e trabalhar o produto em si. É por aí que pode haver um caminho na restauração destes concelhos.

Rui Serras, presidente ACE

Oito empresas da região foram premiadas com a distinção de mérito pelo seu empenho na implementação da visão “moderna e prática” irá contribuir para o desenvolvimento da atividade turística da região: Vale de Ferreiros; Aldeias do Zêzere; O Ramiro; O Fumeiro; Oficina dos Sabores; D’gustar; Os Arcos; e Pézinhos no Rio.

 

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