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EN 2: EN 2: A estrada real portuguesa (C/FOTOS)

11/05/2021 às 12:40

* Reportagem publicada originalmente no Jornal de Abrantes de setembro de 2020 e republicada a 11 de maio de 2021, por ocasião da do 76º aniversário da inscrição da Estrada Nacional 2 no Plano Rodoviário Português.

Tem 738 quilómetros e liga Chaves a Faro, atravessado Portugal de norte a sul. Com 75 anos, a Estrada Nacional N.º 2 é por estes dias um ícone nacional que não deixa ninguém indiferente. Na região, a década de 90 modificou o percurso da EN 2 entre Abrantes e Vila de Rei. Mas por estes dias fomos fazer o trajeto original da também chamada “Route 66” portuguesa. E sim, passámos pelo Penedo Furado, Brescovo, S. Domingos e Andreus.

 

Reportagem de Jerónimo Belo Jorge

Fotografias de Taras Dudnyk

A Estrada Nacional N.º 2 é, por estes dias, qualquer coisa de extraordinário. Há uns anos não se falava desta via que “rasga” todo o país pelo interior, por 11 dos 18 distritos, por 35 concelhos. O importante era a rapidez de deslocação e as autoestradas foram ganhando supremacia em relação às nacionais, mais velhas, com mais curvas, onde se poderia encontrar um trator agrícola ou uma carroça que era uma grande dor de cabeça para fazer uma ultrapassagem em segurança.

Depois as coisas foram mudando, o marketing territorial começou a ganhar forma e chegou com força a este território da Nacional 2. Assim, a 5 de novembro de 2016, nasce a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, cuja presidência da direção está com a Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião. Foi esta associação que começou a dar corpo ao marketing em torno desta estrada “mítica” e muito procurada principalmente por motards ou ciclistas.

Aliás, se há cerca de dois anos o lançamento dos passaportes para os turistas deram um impulso à Rota, a “crise” do coronavírus veio despoletar, em definitivo, o turismo à volta desta via. Porque as pessoas começaram a procurar destinos “interiores” e, porque até a comunicação social e os blogger's, vlogger's e “influencer's” passaram a olhar com outros olhos para a estrada real de Portugal.

Não deixa de ser curioso a quantidade de “aventureiros” que passaram a fazer a Nacional 2 com algum mediatismo. Desde logo, em julho de 2019, o Nuno Gomes e o Daniel Simões, de Abrantes, que fizeram todo o percurso em 24 horas, sempre a pedalar, só com paragens técnicas. Há muitos outros registos, como o escritor Afonso Reis Cabral que fez o percurso a pé com publicações nos meios digitais e que depois deu livro. Mais recentemente o João Paulo Félix fez a “Volta a Portugal a Correr” com percurso entre Faro e Chaves, embora depois tenha feito o retorno a Lisboa.

Já em junho, o ciclista André Cardoso, com um conjunto de amigos, também fez o caminho de Chaves a Faro em 24 horas. E depois veio a RTP e a RFM. E muitos grupos de motards e ciclistas continuam a colocar esta rota como sendo um dos desafios que todos têm de fazer.

E mais recentemente o vlogger Marco Neiva andou nestes territórios a mostrar em vídeo aquilo que os territórios da Nacional 2 têm para mostrar.

Naturalmente que todo o marketing em torno desta estrada tem vindo a fazer crescer o turismo e com ele o desenvolvimento das atividades económicas existentes. Porque os cafés e restaurantes vendem mais, quando os turistas param para pedir os, já celebres, carimbos para os passaportes. E depois começaram a surgir outro tipo de negócios associados a produtos e à promoção da Rota da EN 2.

A Estrada Nacional 2 antiga

A comemorar os 75 anos, a Estrada Nacional 2 teve na década de 90 uma alteração de percurso entre Abrantes e Vila de Rei. A estrada era estreita e sinuosa e para fazer a ligação entre estas duas localidades demorava-se muito tempo.

Em meados da década de 90 foi construída a variante, atual EN 2, que faz uma ligação entre Abrantes e a Sertã de forma muito mais rápida. Mas que, nesta zona, foge à estrada original.

Nesse sentido e para aproveitar o turismo crescente nesta Rota, as autarquias de Vila de Rei e Sardoal, principalmente, mas também Abrantes, têm vindo a desenvolver esforços no sentido de criar sinalização própria para colocar os turistas a passar pela antiga estrada. A tal estreita e sinuosa que não é para grandes velocidades como diz o vereador Paulo César, da Câmara de Vila de Rei. “É para fazer devagar e apreciar as paisagens”.

A antiga estrada passa ao lado da zona industrial do Souto, depois tem o quilometro central da estrada (marco do km 369), segue-se o Penedo Furado, Brescovo, Salgueira, S. Domingos, Andreus e depois Sardoal. Sim, a Nacional 2 passava por dentro da vila de Sardoal e entroncava no cruzamento das 4 estradas (junto às bombas de combustível) e descia até à ribeira de Casais de Revelhos, numa via paralela à atual EN 2. Depois entrava em Alferrarede em direção ao Tejo, Rossio ao Sul do Tejo, Arrifana, Bemposta em direção a Ponte de Sor e até Faro.

Este trajeto deverá ser potenciado com sinalização turística (sinais castanhos) própria e que terá um ícone específico [que terá de ser aprovado pelo parlamento], explica o vereador Pedro Rosa, da Câmara Municipal de Sardoal. Aliás, o vereador diz que na juventude fazia muito esta estrada entre S. Domingos e o Penedo Furado, de bicicleta.

A estrada tem muita história, pois era, na década de 50 e 60, uma via de acesso às beiras. Ligava em Abrantes com a Nacional 3 que vinha do Carregado em direção a Castelo Branco. E tanto a Nacional 2 como a Nacional 3 faziam todos os acessos às beiras. Pedro Rosa relembra que de toda esta zona do interior era feito muito tráfego comercial entre a beira e a estação da CP de Alferrarede.

Mas a década de 90 tirou as pessoas, sempre mais apressadas, desta estrada, agora, turística. Por estes tempos estão a ocorrer o processo inverso. Tanto assim é que a Câmara de Vila de Rei está com a ideia, já em andamento, de criar um parque, ou uma zona de paragem no km 369,690, no ponto central exato desta estrada. Paulo César gostava de ver ali um marco igual ao de Chaves (km 0) e de Faro (km 739). “O que existe está escondido por um rail de proteção, mas temos a intenção de poder criar uma zona especial que assinale o meio da estrada”, diz o vereador para quem esta dinâmica da Rota da Nacional 2 tem trazido muito mais turistas ou visitantes ao concelho. Quer seja ao Picoto da Melriça, como à vila, como ao Penedo Furado.

Ideia idêntica partilha o vereador Pedro Rosa, de Sardoal, que destaca aquilo que os turistas procuram. Há os que fazem a estrada a correr, só pelos carimbos, e que “são muito bem-vindos”, mas o vereador pisca o olho a quem vem com algum tempo para se deliciar com o que pode visitar.

Luís Dias, vereador da Câmara de Abrantes, tem uma abordagem semelhante e revela que noutros tempos, a Nacional 2 passaria por dentro de Abrantes, muito antes da atual estrada do que liga Alferrarede a Barreiras do Tejo. Também nota que este é um produto turístico com um potencial muito grande e diz que em Abrantes há 70 parceiros associados a esta rota, ou seja, locais onde existem os carimbos para o passaporte e outro tipo de “delicias”.

O Centro Geodésico também é Nacional 2

Mafalda Sousa tem uma banca com produtos regionais de Vila de Rei e da Nacional 2 no Centro de Portugal, paredes meias com o Museu da Geodesia. Se este local já era procurado pelos turistas não tem dúvida em dizer que existiu um salto muito grande depois do recolhimento em tempo de pandemia. O desconfinamento trouxe muito mais turistas à rota. E tem-se notado nas vendas.

“Carimbar os passaportes, ver ímanes para os frigoríficos” é o que mais procuram. “Há muita gente que desconhece onde é o Centro de Portugal”, afirma enquanto mostra o que tem para venda e explica que “quem vem pela Nacional 2 quer ímanes ou camisolas da estrada”. Depois, os outros visitantes procuram outro tipo de produtos onde se enquadra o mel, um dos ex-libris deste concelho. “Antes passavam mais motards e auto-caravanistas, mas agora já vem todo o tipo de veículos”, diz a comerciante bronzeada do sol quente do alto da Serra da Melriça.

O S. Domingos que cresceu em torno da Nacional 2

S. Domingos é daquelas localidades que causam muitas dúvidas. É Sardoal ou é Abrantes. Fica ali no limbo. No sentido norte-sul o lado direito é de Abrantes e esquerdo do Sardoal. Cresceu em torno da Nacional 2. Pedro Rosa, vereador de Sardoal, diz que noutros tempos tinha muito comércio e uma outra vitalidade. Tinha três ou quatro cafés, mercearia, barbeiro e até um ferrador. Hoje é diferente e a fuga do interior afetou, e muito, esta aldeia.

Entramos no café Bernardino e de imediato as “patroas” Sónia Frade e Mila Passarinho mostram os produtos da Nacional 2. Os porta-chaves ou o marco dentro do café, ou a moldura para as fotos para redes sociais e apressam-se a dizer que quem está a dinamizar S. Domingos na Nacional 2 é a Cláudia Luís e o Alexandre Batista.

A Cláudia começa por dizer que “acalmaram” as promoções da terra nas redes sociais por receio do coronavírus, mas adianta que há um trabalho enorme por fazer. “Queremos promover a nossa identidade cultural por isso vamos fazer dois murais. Já temos a artista. Um com o nosso padroeiro e outro com os usos e costumes da terra”, explica ao mesmo tempo que diz não ser natural de S. Domingos, mas que está ali na defesa da cultura.

Confirma que os “clientes” tem sido muitos mais, quer pela Nacional 2, mas muito pela outra publicidade de duas praias fluviais. A das Fontes, do concelho de Abrantes, e a do Penedo Furado, no concelho de Vila de Rei.

E depois atira: “E já viu o nosso marco, o do quilometro 380 (S. Domingos) e o das direções do mundo. Foi uma forma de também podermos ter aqui um marco para tirarem fotografias”, explica a Cláudia sempre com a tónica de que depois desta fase do coronavírus querem “puxar” muitos mais turistas que façam a Nacional 2 antiga.

O Zito é paragem obrigatória no Sardoal

Quem faz a Nacional 2, com as novas tecnologias, pode achar estranho que o restaurante Zito, localizado na Av. 5 de outubro, em Sardoal, seja um dos pontos de maior promoção da Nacional 2. Mas era ali [com o trânsito a correr de forma inversa] que passava a antiga EN 2. Ou seja, está à beira da mítica estrada. E aproveitou para criar uma imagem forte em torno deste produto turístico. “Ainda ontem me ligaram a dizer que andavam umas pessoas com camisolas do Zito e da EN 2 no Algarve”, diz com orgulho enquanto carimba mais uns passaportes de uma família que vem a percorrer a estrada e que entra ali para “ganhar” mais um carimbo.

“Há dois anos para cá que temos notado um crescimento muito grande em torno da Nacional 2, é de manhã à noite”, diz o empresário de restauração que destaca que é um dos pontos de referência desta estrada. “Digo isto pelo que as pessoas aqui nos dizem. Falam do Zito, do Café Central em Poiares e em Chaves como os três pontos mais procurados da Nacional 2”, revela o proprietário do restaurante ao mesmo tempo que aponta para a parede onde está a moldura para as fotos destinadas às redes sociais, mas onde tem as camisolas, os porta-chaves ou os pin's.

“Temos um carimbo diferente do de Sardoal porque tem o km do Sardoal e depois o 0 e o 739, e as pessoas querem esse carimbo”, explica e acrescenta que as pessoas vêm à procura da gastronomia típica e das capelas de Sardoal, muito por via do marketing em torno das capelas na Semana Santa.

A Paragem dos motoristas e não só

Durante muitos anos, e antes da A23, a EN 2 era ponto de passagem do transporte de mercadorias de norte para sul e vice-versa. E o Vítor Damásio abria as portas do seu café, em Barreiras do Tejo, às 5 horas da manhã, para servir cafés e pequenos-almoços a quem andava pela estrada. Também era conhecido como café do sobreiro, porque tinha ali perto um sobreiro de uma grande dimensão. Com a A23 o negócio diminuiu. Agora, com a promoção turística da Nacional 2, as coisas voltaram a mexer.

“Passa aqui de tudo, é uma loucura neste momento. Carros, autocaravanas, motas, bicicletas”, diz Vítor Damásio que recorda o amanhecer com o movimento que tinha.

Agora, talvez pela pandemia e pelo fator económico, a A23 já custa bastante, os automobilistas e turistas voltaram-se novamente para a estrada nacional.

Vítor Damásio revela que quem para sem ser para fazer a refeição é para pedir indicações, “se estão no caminho certo para irem até Mora” e depois não falta o já tradicional carimbo, que em Abrantes é um autocolante que indica os dois pontos de passagem da Nacional 2 [km 380-381 em S. Domingos e 396-429 entre Alferrarede e Bemposta]. “Os passaportes e os carimbos são uma 'doença' e pode criar abertura para mais negócio, com brindes. Estou a pensar nisso, em criar mais alguns produtos da Rota Nacional 2 e da Paragem do Motorista”, diz o empresário e acrescenta que quem entra para uma refeição procura a gastronomia mais típica da nossa zona.

Na farmácia Santos há um entusiasta da Nacional 2

Quem “circula” pelas redes sociais, percebe facilmente que Joaquim Melo dos Santos, da farmácia Santos de Rossio ao Sul do Tejo, é um fã [como gosta de se afirmar] da Rota da Nacional 2 e não esconde, por isso, que está sempre em cima das “celebridades” que possam passar pela Rota. E explica que “tenta vender da melhor forma o que a terra tem para oferecer” tanto mais que quase sempre faz oferta da Palha de Abrantes, do Mestre Fernando Correia da Pastelaria Tágide, que fica ali ao lado (mas na Nacional 118).

“Estamos no km 405 e como aumentou muito o trânsito turístico a nossa diretora técnica achou por bem também termos um carimbo para os passaportes. É muito importante para a nossa zona”, explica Joaquim acrescentando que quando o Afonso Reis Cabral fez esta viagem aconteceu essa oferta. E recorda que quando cá passou o escritor foi feito um documentário que passou na televisão e onde participaram o Chefe Fernando Correia e o Alberto Lopes, do Restaurante Santa Isabel. Mas acrescenta que “foi pena não ter cá estado nesse período do documentário o vereador Luís Dias. É que quando o Afonso Reis Cabral passou por cá, a pé, o vereador acompanhou-o entra a ponte e Arrifana”, diz Joaquim Melo dos Santos que deixa uma sugestão: a antiga escola primária de Arrifana, à beira da estrada, poderia ser um ponto de apoio para os “circulantes” da EN2.

A estrada e o marco de Bemposta aumentaram os clientes

O restaurante Aquarius, em Bemposta, a Nacional 2 já era uma estrada com muito trânsito. A ligação do Ribatejo e Beira ao Alentejo sempre foi uma realidade, mas de há um ano e meio para cá as pessoas que passam nesta estrada mítica mudaram. Deixaram de ser apenas automobilistas para passar a ser aqueles que circulam na Nacional 2 e que procuram as coisas boas do nosso país.

José Gilberto confirma e revela que depois do confinamento os “clientes da Nacional 2 aumentara, principalmente muito mais motards”. E depois acrescenta que desde que há um ou dois meses colocaram o marco amarelo evocativo dos 75 anos da Rota ainda aumentou mais a procura. “Estamos aqui no restaurante e vemos os grupos que param ali no marco amarelo. Até as famílias de carro. E houve um dia eram mais de 20 motas”, explica ao mesmo tempo que diz que o negócio também melhorou e destaca que os clientes procuram boa gastronomia. De preferência, típica.

A Junta de Bemposta tem uma ideia pensada e a dar passas. Manuel João Alves, presidente da junta quer criar uma área de serviço para autocaravanas, uma espécie de área de descanso com Wi-Fi para os turistas. E depois acrescenta que a Rota até pode criar algumas condições para fixação de população, uma das grandes preocupações do autarca. Manuel João Alves diz que os marcos dos 75 anos da Nacional 2 são muito bons, só é pena não estar lá o nome da freguesia, ao ladodo concelho: Abrantes.

Três concelhos e três mãos cheias de sugestões turísticas

Fomos ao encontro dos vereadores dos três concelhos que lidam com as questões da Nacional 2. E entre as conversas sobre turismo e desenvolvimento territorial e económico em torno da estrada houve uma pergunta igual aos três: O que é que sugere aos turistas ou aos que “fazem” a nacional dois no seu concelho?

Vila de Rei para degustar com calma

Qualquer pessoa que venha a Vila de Rei tem um conjunto de alternativas que “aconselho”. Quem vem de norte, da Sertã, deverá visitar a praia de Fernandaires [se gostar de desportos náuticos] ou a praia do Bostelim [se vier de autocaravana ou com crianças].

Depois é “obrigatória a passagem pelo Centro Geodésico de Portugal e o Museu da Geodesia” onde tem uma vista de 360º.

Em Vila de Rei Paulo César aponta à gastronomia. “Aconselho a apreciação gastronómica que é o maranho e bucho, provar a nossa sopa de peixe, o cabrito e depois alguns outros pratos, dependendo dos restaurantes, o bacalhau à Vila de Rei, o achigã grelhado ou frito e terminar com o pudim à Vila de Rei, com uma receita muito antiga única no país”.

Depois de pernoitar em Vila de Rei, o segundo dia é para desfrutar a antiga Nacional 2 com desvio para a “nossa aldeia de xisto, Água Formosa, pode tirar uma fotografia no quilometro central (369) e uma das mais belas praias fluviais e que foi uma das maravilhas de Portugal, que é o Penedo Furado. Aqui tem a praia, os passadiços e a queda de água e pode conhecer a lenda do Penedo Furado”.

Paulo César destaca a importância de fazer a antiga estrada Nacional 2, que é uma estrada para se fazer com calma, para “degustar”. E para isso temos de andar numa estrada sinuosa, com curvas, devagar e apreciar uma paisagem única onde podemos ter vários tipos de paisagens.

Paulo César destaca ainda a importância da Rota e de ter várias empresas do concelho como parceiras do projeto e onde os turistas podem ir “caçar” os carimbos para os passaportes.

Sardoal para consumir demoradamente

Pedro Rosa é o vereador que tem em mãos as questões da Rota da Nacional 2 e diz que o Sardoal apresenta um manancial de oportunidades. E começa por dizer que os que fazem a Nacional 2 a “correr” só em busca dos carimbos são importantes, mas há muito a descobrir para quem venha com mais tempo.

Quem quiser ficar um dia “acho que um bom cartão de visita é a nossa gastronomia, porque os restaurantes já se souberam adaptar. O Sardoal sempre foi conhecida pela cozinha fervida, mas os restaurantes foram buscar as influências do Ribatejo e da Beira”. Pedro Rosa revela ainda que há que ligar esta especialidade da cozinha fervida à couve de Valhascos, outro produto que a autarquia está a querer desenvolver, do ponto de vista turístico. Há que notar, explica o vereador, que nem todos os restaurantes têm a cozinha fervida todo o ano, “é mais um prato de inverno”. E depois não se pode esquecer a doçaria, com as saborosas tigeladas da Artelinho, de Alcaravela. Aliás, às tigeladas podem juntar-se as ferraduras e os artigos em linho.

Depois há o património, o facto de estarmos aqui a conversar no centro histórico já por si é uma mais-valia. “O centro histórico, no global, merece uma visita, já com referências arquitetónicas a “chamar” o Alentejo, e depois, claro, os nossos monumentos”, nota Pedro Rosa em aponta as capelas, a igreja Matriz e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, recentemente reabilitada, e onde vai ser instalado o Centro de Interpretação da Semana Santa e onde as pessoas podem perceber aquilo que é a Fé que se vive na Semana Santa em Sardoal.

Abrantes para visitar com tempo

Luís Filipe Dias, vereador com o pelouro do turismo, começa por indicar um desvio de poucos quilómetros a quem entra por norte, em S. Domingos. “Temos ali um ativo gigantesco que é a Albufeira do Castelo de Bode, com as praias de Fontes e Aldeia do Mato, na zona mais beirã do concelho”, diz o vereador salientando que se nos desviarmos três quilómetros poderemos capitalizar muito mais os nossos territórios.

Depois, quando a Nacional 2 deixa o Sardoal e reentra em Abrantes, na zona da cidade, há a destacar o centro de Abrantes com uma visita ao ex-libris da cidade, a Fortaleza e toda a zona envolvente. “Temos um património fantástico que é a paisagem a que podemos juntar esta obra de arte (ponte sobre o Tejo) com os seus 150 anos”, indica o vereador que realça logo de seguida outro ativo com muita história que é o Tejo.

E de seguida aponta aos monumentos, ao património construído sugerindo uma visita ao Parque Tejo, onde quem vem de autocaravana ou de tenda pode pernoitar.

Luís Filipe Dias destaca depois, em Abrantes, as unidades hoteleiras e as unidades de alojamento local, as pastelarias com a doçaria com destaque “para as nossas tigeladas de Abrantes ou da nossa Palha de Abrantes”. E depois a referência à boa gastronomia com enfoque no peixe do rio, nas influências beirãs e alentejanas e com o destaque para um dos produtos de excelência de Abrantes que são os azeites. Aliás, segundo o vereador, qualquer prato acompanhado pelo azeite será sempre uma boa escolha.

Depois da saída de Abrantes há sempre essa mudança de paisagem a caminho de Bemposta, onde os montados de sobro e as planícies começam a desenhar as paisagens à volta da Nacional 2.

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