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Mação: Encontro Internacional de Solidariedade Intergeracional juntou, novamente, pessoas de várias gerações

12/09/2023 às 16:28

Nos dias 8 e 9 de setembro realizou-se, em Mação, o Segundo Encontro Internacional de Solidariedade Intergeracional, encontro que contou com a partilha de experiências e reflexões de dezenas de profissionais de vários países e com um programa que resultou da iniciativa conjunta da Toxicomanies Europe- Échanges- Études e do projeto Mala da Prevenção, além, do seminário “Comportamento de risco e direitos humanos”, e da apresentação do livro “Droga Desmitificada”.

O primeiro encontro realizou-se em 2018, em Mação, Abrantes, Sardoal e em Gavião, e, ainda, em Lisboa, nas zonas da Amadora e Casal Ventoso. O médico Luís Patrício, coordenador do evento, explicou que esta iniciativa surgiu devido aos incêndios que ocorreram em Mação: “Na altura tivemos a tragédia dos incêndios e quando foi o terceiro grande incêndio aqui em Mação, fiz um direto utilizando as redes sociais e de uma forma mais evidente do que no outro incêndio, em que as pessoas manifestavam o seu pesar e da sua disponibilidade para colaborar, quando foi no incêndio de outubro eu fiz o direto e a impressão dantesca das imagens foi de facto tremenda e fez com que de imediato os parceiros estrangeiros dissessem «vamos aí que está feio para dinamizar a economia», numa forma de ajudar. Assim, falei com o presidente Vasco Estrela e disse-lhe «olha há esta oferta, se aceitar nós fazemos cá» e depois pus-me em contacto com Gavião e escrevi então a todos os concelhos vizinhos de Mação dizendo «há isto, se quiserem aceitar...», pronto e aqueles que responderam nós fomos lá fazer alguma atividade, portanto, foi o primeiro encontro de Solidariedade Internacional Intergeracional”, salientando também, que este primeiro encontro “correu bem”, e que a sua admiração foi o facto de receberem profissionais da Austrália: “vieram colegas de nove países a minha admiração é que viessem da Austrália”.

Estes encontros visam juntar pessoas de várias gerações “para haver um contínuo no respeito e na avaliação do que é a versão da vida”, explica o coordenador. No entanto, a pandemia da Covid-19 veio também limitar estes eventos presencialmente e, desta maneira, começaram a ser realizados online, para contornar esta situação e, assim, ajudar às pessoas e profissionais que se encontravam, no momento, baixo pressão devido à situação: “Veio o Covid e ficamos todos presos em casa e utilizamos as redes sociais, a nossa rede, para partilhar as nossas angústias... assim, foi transmitido, para América ao início da manhã; para o Oriente a meia-noite e para os outros países do Leste à tarde. Desde então fazemos encontros regulares em inglês, português, espanhol e em francês, já no período mais difícil do Covid chegamos a fazer entre duas a três vezes por semana, porque tal era a angústia que havia entre os profissionais, tanto gente da saúde, da educação e no âmbito da pedagogia, desta forma, partilhamos as dificuldades e ficamos a saber de viva voz o que se passava no Brasil, na Argélia, o que se passava em Cabo Verde, o que se passou na Itália”, assim as redes sociais conseguiram permitir a continuação dos eventos e ajudou na partilha da realidade.

Depois da pandemia estas reuniões mantiveram-se, mas desta vez presencialmente, devido a que as pessoas fizeram vários pedidos, conseguindo assim marcar, então, esta sessão que ocorreu recentemente, convertendo-se este evento no primeiro a ser realizado pós-pandemia: “Passa o Covid e nós continuamos com as reuniões e as pessoas começam a votar «quando é que fazemos novamente o encontro de Solidariedade» e então marcamos para setembro deste ano... Portanto, estamos a preparar há um ano e tal, e o critério é o mesmo quem quer vir e o que quer dar e depois onde é que somos aceites”, informa Luís Patrício.

Assim, esta parte da solidariedade se traduz em que “cada um dá o seu contributo”, para assim, segundo o coordenador, “contrariar a interioridade e a da tragédia dos incêndios que existiram e que ainda existem em boa parte por questões ligadas à carência de educação, de direitos, de cidadania e há um abuso da liberdade porque se tem que falar de liberdade que é um dos capítulos do livro novo que saiu agora”.

Por outro lado, o movimento “Mala da Prevenção”, é “um movimento muito mais complexo”, explica o médico Luís Patrício, quem ressaltou que o trabalho da comunicação social é “de facto, ainda, o outro lado da verdade da realidade, não ficando sujeito ao critério que se diz da verdade da conveniência consegue mobilizar mais gente, e nós precisamos dessa ajuda... Nós estamos fora da caixa, não temos autoridades, é outra parte, também, que nós mobilizamos, sendo que trabalhamos muito com o poder local porque quem está no local sabe bem que se passa, o poder local para nós tem muito significado até porque a prevenção começa localmente, se ficarmos pelo grande palavreado de âmbito internacional e não do nacional estamos a fomentar uma estratégia que se diz geopolítica e económica que está muito distante do que se passa com a estratégia que nós fazemos que é Sociossanitária”, continuou o coordenador.

Do mesmo modo, explicou que a “Mala da Prevenção” vai onde é convidada, independentemente do lugar que seja, adaptando, assim, sempre a sua linguagem “para aquilo que há”. Neste sentido, esta iniciativa percorreu já locais como a Assembleia da República, onde em 2014, foi apresentada à subcomissão da Droga, onde foi encaminhada para a Comissão da Saúde, já ali, foi igualmente apresentado e concluído que este é um projeto do âmbito da educação, mas, para o médico e coordenador deste evento, Luís Patrício, este é “de facto” um projeto do âmbito da saúde: “Foi a Assembleia da República a Subcomissão da Droga, em 2014, depois na subcomissão da droga passaram para a Comissão da Saúde e foi apresentado, e a conclusão é que isto devia estar no projeto da educação quando de facto este é um projeto do âmbito da saúde, de dizer que em 2003 levei a mala em mão ao Ministério da Saúde, pedi para avaliarem «depois há de se ver um dia», fiquei a espera... em 2008 escrevi agora um pedido por escrito, depois repeti o pedido e continuo a espera de que alguém avalie para que é que isto presta”.

Esta “Mala da Prevenção” já recorreu vários países, da América Latina e da Europa como, por exemplo, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Espanha, Bolívia e as ilhas nacionais, nomeadamente, Açores e Madeira, destacando que Cavo Verde tem 3 malas que lhe foram oferecidas pela própria organização: “Posso dizer que Cabo Verde tem 3 malas que oferecemos para lá... A mala, também, esteve um mês na América Latina, uma semana na Comunidade Andina das Nações, porque o Secretário Geral viu-me trabalhar com a mala em Madrid numa conferência, depois ficamos a conversar e ele disse «eu quero isto na América Latina, na Comunidade Andina das Nações», na altura organizou e foi para lá um mês, uma semana em Lima, Peru, a fazer formação para os responsáveis, Quito (Equador), La Paz (Bolívia) e Bogotá (Colômbia), portanto, quatro países, depois levei a mala uma vez a Venezuela, e, depois, nos Açores correu todas as ilhas, em 2003 – 2008, num projeto que fizeram e já vai a Madeira também, mas pronto é uma coisa que é assim toda isotérica, mas a verdade é que as pessoas adoram quando isto funciona”.

Relativamente à temática apresentada pela “Mala da Prevenção”, o coordenador, explicou que contam com um “produto vasto” conforme o grupo-alvo à que está destinado, mas toca, especificamente, temas dentro da promoção da saúde perante comportamentos de risco: “Há um menu, e a pessoas escolhem do menu o que há de servir às pessoas. É um produto vasto consoante o grupo alvo, se for a falara para crianças, a linguagem é uma e assim, portanto, o médico, o enfermeiro o professor ou educador, tem que saber adaptar ao grupo-alvo àquilo que é para ele ou então escolhe o que é para falar, por exemplo, eu quero falar sobre o abuso do jogo, gostava de falar sobre álcool, sobre o tabaco, sobre canábis, … portanto, tudo o que é a mala da promoção da saúde perante comportamentos de risco, portanto, é o ajudar a pensar, a refletir o que usar, o que deitar fora, o que escolher, portanto, ajudar a crescer”.

 Jade Garcia

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