O Exército vai reforçar a sua capacidade ao nível da estrutura de Comando, Controlo e Comunicações do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME), tendo sido anunciados um conjunto de investimentos para melhorar a sua operacionalidade.
"A intensa e relevante atividade que o RAME desenvolveu [em 2017] revelou a importância que deve assumir o comando, o controlo e as comunicações robustecidas e dedicadas exclusivamente às operações de Apoio Militar de Emergência e será agora necessário proceder a ajustamentos organizacionais, dos procedimentos de meios, e testá-los muito rapidamente", disse esta quarta-feira em Abrantes, o Chefe de Estado Maior do Exército (CEME), no âmbito de um seminário subordinado ao tema Apoio Militar de Emergência: os novos desafios'.
"As lições aprendidas também nos mostram que se exigem respostas mais rápidas e mais consistentes em consonância com o quadro de valências sobre o qual se construiu o modelo conceptual" [do Apoio Militar de Emergência], "pelo que está na linha de ação do Exército a criação de um Grupo de Intervenção Rápida em Catástrofes", revelou o General Rovisco Duarte.
"Estamos a ser reforçados com um conjunto de medidas que estão em curso, quer com a aquisição de equipamentos, quer na melhoria de sistemas de comando e controlo, que irão contribuir como um todo na criação de sinergias e melhorar esta operacionalidade", disse ainda o CEME, para quem é fundamental reforçar a capacidade instalada em permanência em Abrantes, nas instalações do RAME.
Criado em novembro de 2016, com o início da atividade operacional do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME) no Quartel de São Lourenço, um espaço global de 37 hectares situado em Abrantes, no Centro do país, é ali que se prepara e coordena uma resposta efetiva no apoio em situações de emergência que envolvam um número elevado de desalojados, riscos tecnológicos, atos terroristas, contaminação do meio ambiente, incêndios florestais, cheias e inundações, sismos e erupções vulcânicas.
"Neste processo de amadurecimento do RAME, ter uma capacidade muito própria pré-instalada é a grande diferença", defendeu hoje Rovisco Duarte, tendo feito notar que as atuais "capacidades instaladas são mobilizáveis" e o RAME tem "muito pouco" em permanência.
"O que nós queremos é criar uma capacidade dedicada em permanência, e é o que chamamos de Grupo de Intervenção Rápida em Catástrofes", anunciou, tendo destacado a importância de "criar postos de comando projetáveis com capacidade de comando e controlo", um modelo que vai ser testado e que "resulta também do que foi visto e do que é a experiência internacional".
Para já, afirmou, "apostámos para este ano em fazer uma jornada de reflexão, em que estamos envolvidos, e a seguir, com os ensinamentos que temos, testar no terreno. E isso vai acontecer nos dias 16 e 17 [de abril] na região de Loulé", no Algarve, adiantou.
"Vamos fazer um grande exercício e vamos testar a capacidade de comando, controlo e comunicações, ou seja, vamos passar desta fase conceptual para uma fase concreta no terreno (...). A partir daí, iremos aprimorar o modelo e estaremos preparados para as missões que vierem", afirmou.
Questionado sobre a formação dos militares nesta vertente, o CEME disse que esse é um dos pontos em que existem parcerias a nível internacional, para além de diligências internas.
"Quando se fala de Exército subentende-se falar de capacidades e um dos vetores de desenvolvimento considerados críticos é o da formação", afirmou Rovisco Duarte, tendo acrescentado que, "por isso, a par de diligências internas (...) realizámos contactos externos, entre parceiros estratégicos, designadamente com Espanha, França e Estados Unidos (...) que nos permitirão avaliar e estabelecer opções seguras e consolidar esta área".
O seminário, aberto à sociedade civil, contou com um conjunto de moderadores e palestrantes civis e militares e teve o objetivo de promover a reflexão sobre os novos desafios do Apoio Militar de Emergência, com enfoque na perspetiva nacional atual e futura, as capacidades do Exército neste âmbito, e o futuro modelo organizacional, em fase de implementação.
Lusa