Foi uma cerimónia simples mas carregada de intenção e de carinho. Tal como o foi a pessoa que se pretendeu homenagear no sábado, dia 18 de maio. Fernando Simão, um dos primeiros presidentes do Centro Social de Alferrarede, dá agora nome ao Centro de Dia da Instituição.
“Isto começou tudo em 1973, com o meu avô, que foi o fundador do Centro Social, com a Creche e Jardim de Infância”, começou por explicar Pedro Simão, atual presidente do Centro Social de Alferrarede e filho e de Fernando Simão. Foi com o falecimento do avô, em 1977, “que o meu pai assumiu a presidência e dedicou-se muito ao Centro”.
Quando em 1996 Fernando Simão saiu da empresa, “ficou mais desocupado mas não era homem para estar desocupado” e como “na altura havia uns apoios, agarrou-se a isto e, em 1999, estava o Centro de Dia a ser inaugurado”.
Falar do pai deixa Pedro Simão de voz embargada mas lá conseguiu dizer que “o meu pai era uma pessoa muito dedicada aos outros. Os outros estavam sempre primeiro do que ele, ele ficava sempre para trás. Era assim na família e era assim em tudo”. Já quanto à homenagem a Fernando Simão, Pedro Simão disse ter ficado “muito orgulhoso por terem tido esta iniciativa que, modéstia à parte, eu até acho que é justa”. Contudo, o presidente da Direção do Centro Social de Alferrarede admitiu que “não era eu que ia sugerir isto. Foram as minhas colegas da Direção que tiveram esta iniciativa”.
Nesse sábado, a homenagem começou com a celebração de uma Eucaristia, conduzida pelo cónego José da Graça, perante uma assembleia de dezenas de pessoas que fizeram questão de se juntar a esta homenagem.
O cónego José da Graça, na homilia, lembrou que “há 50 anos, estive presente na inauguração da Creche e Jardim de Infância”, e olhando agora para as duas obras sociais do Centro (Jardim de Infância e Centro de Dia), “temos que entender que Alferrarede não seria a mesma, nem de longe, nem de perto,se não tivesse o Centro Dia e não tivesse a Creche e o jardim de Infância. Não seria”. E explicou porquê: “porque é aqui que tem sido prestada assistência e ajuda a muitas crianças, às suas famílias e aos idosos”.
Definiu então o Centro Social como “uma casa transformadora da realidade humana da realidade social, em benefício daqueles que necessitam”. É, portanto, nas palavras do cónego, “impossível agradecermos de todo o coração àqueles que decidiram fundá-las, que decidiram dar o melhor da sua vida, talvez até mesmo dar o seu próprio dinheiro para que estas obras estivessem ao serviço desta comunidade de Alferrarede. E se agora não é fácil, acreditem que naquele tempo era muito mais difícil”.
O desafio de José da Graça
E José da Graça não seria José da Graça sem ter já um novo projeto em mente. Como o próprio ainda não se decidiu, deixou o desafio para que alguém se lhe antecipe. E apontou mesmo à Direção do Centro Social de Alferrarede. Começou por afirmar que “aqui na nossa região há uma obra que falta construir” e que, neste momento, “é aquela que é mais premente e mais necessária. Até podem pensar que não é assim mas, por experiência, eu sei que é assim. Não é porque outros me dizem, é por experiência”. Revelou então que “é necessário construir nesta região um Centro de Saúde Mental”. Adiantou que estes centros são “fundamentais no país e, como são no país, também são aqui. E não existem”. Esclareceu que “por enquanto, há apoios” e que não se deve “deixar passar o barco”.
“E podem vocês dizer: «porque é que não pensa o senhor nisso?» Não estou longe de o fazer... mas também não estou perto. Ainda ando a balançar e não me decidi”, asseverou. No entanto, confessou que “gostaria que alguém se me antecipasse” e desafiou a Direção do Centro Social a debater o tema na próxima reunião. E avisou de que, “se precisarem de ajuda, eu estou disponível para vos ajudar”.
“Deixo o repto, deixo o desafio, e peço-vos coragem para serem capazes de o agarrar”, concluiu.
Ao Jornal de Abrantes, Pedro Simão garantiu que o tema “irá ser falado na próxima reunião da Direção” e que, “se for uma coisa fazível, tudo que for para bem e consigamos fazer... é para isso que cá estamos”.
Os agradecimentos da Direção
Filipa Roldão, juntamente com Teresa Mariano e Rita Bartolomeu acompanham Pedro Simão na Direção do Centro. As três juntaram-se para umas palavras no final da Eucaristia e coube a Filipa Roldão dizer que era pretensão da Direção que este dia fosse “uma ocasião para olharmos para trás, para a história e passado desta Instituição, e para a frente, para o futuro e para o que nos será pedido neste tempo que vivemos e habitamos”.
Ao olhar para trás, evocou “a história bonita e forte de uma casa que tem educado e formado gerações de crianças, com a marca da excelência do serviço. Um olhar retrospetivo cheio de gratidão e de uma enorme responsabilidade de nos sabermos herdeiros de uma obra que exigirá de cada um de nós, que cá estamos agora, o mesmo tipo de entrega e força daqueles que nos precederam”.
“Mas queremos e precisamos de olhar também para o que está à nossa frente. Por isso, não queremos deixar de ponderar aquilo que os novos tempos nos reclamam e não deixaremos de fazer aquilo que sentirmos que nos conduzirá a mais e melhor ao fim do que perseguimos nesta Instituição que é o Centro Social de Alferrarede”, continuou.
Filipa Roldão comentou igualmente a ocasião que servia de homenagem, dizendo que “ficavam muito felizes que estas celebrações sejam uma ocasião de reunião de todos: pais, alunos, famílias, educadores, antigos e atuais. Os que querem o bem do Centro”. Deixou também o agradecimento “à comunidade, às irmãs, aos colaboradores e dirigentes, às famílias de utentes e às instituições que aqui nos acompanham. E como os últimos são sempre os primeiros, um obrigada muito especial à família Simão, aqui representada pelos filhos, nora, netos e bisnetos. Não é possível escrever a história do Centro sem falar nesta família”.
A vice-presidente da Direção do Centro Social concluiu agradecendo, “uma vez mais, a generosidade” da família “por nos emprestarem o nome de Fernando Simão ao Centro de Dia, deixando para o futuro, numa data tão significativa das duas Instituições também elas ligadas: o Centro e o nome de Fernando Simão. Obrigada”.
Pedro Simão, “em nome da minha família”, também agradeceu “a homenagem que fizeram ao nosso pai”. Relembrou “o homem dedicado à família, ao trabalho e à comunidade. Estará certamente muito feliz em ver que a obra continua e é um orgulho para nós sermos parte disso. Assim tenhamos a força e a coragem para chegar lá”. O presidente do Centro Social de Alferrarede teve ainda uma palavra para a importância que as religiosas, presentes no Centro desde o início, têm tido ao longos dos anos na Instituição.
Os convidados juntaram-se depois na entrada do Centro de Dia para aplaudir Fernando Simão, que agora tem o seu nome gravado nas paredes da Instituição. O dia continuou a ser de festa, com um almoço partilhado entre todos os que marcaram presença.
O Centro Social começou com a Creche e Jardim de Infância em 1973, comemorou o ano passado 50 anos, e o Centro de Dia foi inaugurado a 19 de maio de 1999, comemora agora 25 anos.
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