O Governo vai lançar uma campanha nacional de sensibilização para a redução de resíduos, no valor de 20 milhões de euros, revelou hoje a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho.
“Devíamos produzir muito menos resíduos. Estamos muito atrasados nos resíduos, na taxa de reciclagem dos resíduos”, disse a governante, que falava à agência Lusa, no Porto, à margem da Cimeira Europeia Concordia, iniciativa que junta decisores para debater a transição energética, o crescimento económico e a competitividade, bem como temas ligados à cooperação, paz e segurança.
Maria da Graça Carvalho disse que “está já desenhada” uma campanha nacional “com frases fortes e atrativas” que visa “sensibilizar os portugueses a reduzir a produção de resíduos”, uma questão “cultural”, que a “preocupa muito”.
“Temos andado muito bem na parte das energias renováveis, mas há tudo o resto. Não podemos só avançar na produção de energia e deixar para trás os outros setores. Os resíduos são algo que me preocupa muito. É investimento, mas também é uma questão cultural. Continuamos a produzir cada vez mais resíduos e devíamos estar a diminuir. Vamos fazer uma campanha nacional para que cada um de nós, as famílias e as empresas produzam menos resíduos”, disse.
Para a campanha nacional, que vai estar presente, também, na televisão, nos jornais e nas rádios, o montante global, dividido em duas fases, é de 20 milhões de euros.
O financiamento é do Fundo Ambiental.
“É essencial que chegue às populações do interior, às aldeias e a todo o lado, uma campanha que entre no dia-a-dia das pessoas”, completou.
Na segunda-feira, foram conhecidos números da organização internacional “Global Footprint Network”, segundo os quais Portugal esgotaria na terça-feira os recursos disponíveis para este ano, passando a consumir recursos que só deviam ser usados em 2025.
Disponíveis na página da organização, os dados foram também divulgados pela associação ambientalista portuguesa Zero, que destacou que se cada pessoa no planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, a humanidade exigiria cerca de 2,9 planetas para sustentar a sua utilização de recursos.
Mas a associação refere também que Portugal atrasou em três semanas o dia em que passa a usar o “cartão de crédito”, visto que no ano passado esgotou os recursos em 07 de maio.
Convidada a comentar esta matéria, Maria da Graça Carvalho disse que “esta é uma circunstância que acontece em todo o lado”, razão pela qual quer “apostar na diminuição dos desperdícios”.
“Temos de ter uma eficiência dos recursos e uma economia dos recursos porque é um facto que estamos a despender muitos mais recursos do que devíamos”, referiu.
A Pegada Ecológica avalia as necessidades humanas de recursos renováveis e serviços essenciais e compara-as com a capacidade da Terra para fornecer tais recursos e serviços (biocapacidade).
No cálculo para determinar o dia da sobrecarga do planeta a “Global Footprint Network” colocou a União Europeia a esgotar os recursos que lhe eram destinados em 03 de maio.
O país que primeiro esgotou os recursos foi o Qatar, logo em 11 de fevereiro, seguindo-se o Luxemburgo, no dia 20, os Emirados Árabes Unidos, em 04 de março, e os Estados Unidos, em 14 de março.
Os últimos países a esgotar os seus recursos serão o Equador e a Indonésia, em 24 de novembro, o Iraque em 15 e a Jamaica em 12.
Contabilizando os dados de todos os países, a organização calcula o dia em que os recursos do planeta para o ano são gastos, passando a viver de recursos que só deveria usar no próximo ano. Em 2023 esgotaram-se em 02 de agosto.
No próximo dia 05 será anunciada a data em que os recursos da Terra para 2024 se esgotam.
Lusa