A greve dos trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP - Comboios de Portugal, que começou hoje, levou, até às 08:00, à supressão de 46% de comboios previstos, segundo disse hoje à Lusa fonte oficial daquela empresa.
Segundo a mesma fonte da CP, dos comboios 122 previstos circular desde as 00:00 até às 08:00, 65 realizaram-se, mais que o dobro dos 28 decretados como serviços mínimos.
Já fonte sindical estimou hoje uma adesão à greve superior a 90% em todo o país.
"Estão a ser cumpridos os serviços mínimos de 25%. Todos os restantes aderiram à greve, praticamente na totalidade, o que demonstra a grande insatisfação dos trabalhadores. Poderá haver um ou outro que não aderiu, mas é residual, no geral a adesão é de mais de 90% em todo o país", disse à Lusa Luís Bravo, presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).
Os trabalhadores da CP iniciaram hoje uma greve nacional de três dias em protesto contra a proposta de regulamento de carreiras apresentada pela CP, que dizem prever "um aumento da polivalência de funções" e a "junção e extinção de categorias profissionais", considerando que tal "vai pôr em causa postos de trabalho presentes e futuros".
Reclamam ainda a "melhoria do salário base, que atualmente está no limiar do salário mínimo nacional", e a "reposição das perdas salariais sofridas pelos ferroviários operacionais que foram contagiados pela pandemia provocada pela covid-19, bem como pelos que tiveram de cumprir confinamento profilático por estarem em contacto com colegas infetados".
A CP alertou que hoje, segunda e terça-feira - os três dias da greve convocada pelo SFRCI, em protesto contra a proposta de regulamento de carreiras e reclamando aumentos salariais e o cumprimento do acordo de empresa - "podem ocorrer fortes perturbações na circulação de comboios a nível nacional".
Para esta greve foram decretados serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social que abrangem a realização de cerca de 25% de comboios.
O SFRCI acusa a CP de "violação do acordo de empresa em vigor" e exige a "aplicação do acordo assinado com o Ministério das Infraestruturas em 2018, relativo à certificação do agente de acompanhamento".
A "manutenção dos níveis segurança ferroviária" é outra das reivindicações feitas, com o sindicato a considerar que estes "estão a ser colocados em causa pela CP e pelas alterações impostas pelo IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] aos regulamentos gerais de segurança, cujo objetivo é servir as empresas privadas que reduzem postos de trabalho e custos com segurança ferroviária".
Finalmente, a greve visa condenar o "abuso do poder disciplinar" que os trabalhadores dizem vigorar na CP.
De acordo com o dirigente do SFRCI António Lemos, são abrangidos pelo pré-aviso de greve "800 a 1.000 trabalhadores" das carreiras comercial e de transportes da CP.
A CP já anunciou que quem já tiver bilhetes para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, InterRegional e Regional, poderá solicitar o reembolso do valor total do bilhete adquirido ou a sua revalidação, sem custos.
Lusa