Oito habitações recuperadas, total e parcialmente, depois dos incêndios florestais que deflagraram nos meses de julho e agosto deste ano em Mação, foram ontem entregues aos seus proprietários pela Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco.
Em declarações à Lusa, Elicídio Bilé disse que a entrega destas habitações no período natalício resultou de "um compromisso que foi possível cumprir em tão curto espaço de tempo", para com estas oito famílias das freguesias de Carvoeiro e Envendos, no concelho de Mação, distrito de Santarém, "pelo envolvimento e generosidade da paróquia, da autarquia, dos empreiteiros contratados, e pela generosidade do povo português, através dos seus donativos", no âmbito da campanha nacional "Cáritas, com Portugal, apoia vítimas dos incêndios".
Segundo Bilé, a Cáritas Diocesana da Diocese de Portalegre-Castelo Branco investiu na requalificação destas oito habitações e em equipamento para duas empresas familiares afetadas pelos incêndios, entre o mês de agosto e o dia de hoje, cerca de 130 mil euros de um total de 1,7 milhão de euros que a Igreja angariou através de donativos e dos ofertórios de uma missa dominical nacional.
"O total resultante dos donativos e ofertórios foi de 1,7 milhões de euros, dos quais 560 mil euros cabem a esta Diocese para a requalificação de 15 casas, que foram destruídas de forma total ou parcial, sendo estas oito em Mação, e mais uma que a paróquia adquiriu, duas em Vila de Rei, duas em Abrantes, uma em Gavião e uma outra em Vila Velha de Rodão", contabilizou.
Para além das 15 habitações, a Cáritas vai ainda apoiar cerca de três dezenas de famílias em quatro freguesias de Oleiros, na construção de currais, galinheiros e capoeiras, e na aquisição de algumas centenas de porcos, galinhas, outras aves e ovelhas, para além de 280 colmeias e respetivos enxames, visando a reposição de fontes de rendimento perdidas nos incêndios.
O responsável lembrou o "período difícil que as pessoas viveram na sequência dos incêndios que devastaram cerca de 80% do território" de Mação, sublinhou a importância da devolução das habitações reconstruídas a estas famílias, e apelou à oferta de bens que possam ser disponibilizados para estas pessoas poderem "enriquecer a sua casa", uma vez que perderam todos os seus haveres nos sinistros do ultimo verão.
Segundo Antonino Dias, bispo da diocese de Portalegre-Castelo Branco, "Mação e os territórios do interior são uma porção de terra esquecida, discriminada e só ouvida por estas alturas. Parece que somos secundarizados", observou, tendo defendido "não se poderem adiar as soluções para que tal não volte a acontecer", referindo-se ao medo e aos incêndios.
O presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela (PSD), por sua vez, agradeceu o "rigor e a competência" da Cáritas Diocesana num processo que "permitiu cumprir o objetivo de que o Natal pudesse ser o tempo de devolução das casas às famílias afetadas" tendo manifestado a sua "revolta pela injustiça a que municípios, como o de Mação, têm sido altamente discriminados", referindo-se aos apoios que não chegaram às empresas, agricultores e ao nível de comida para os animais.
"Não estamos a ser tratados todos por igual mas a Cáritas tem essa visão global e trata todos por igual", sublinhou, tendo defendido que "a requalificação e devolução das habitações às suas famílias possa ser replicado e seja sinónimo de esperança e de reconstrução de um concelho com futuro".
Lusa