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Incêndios: Chamas continuam por dominar em Mação, mais aldeias evacuadas - autarca

26/07/2017 às 00:00
Mação

Um total de 200 pessoas foram retiradas de 20 aldeias de Mação, onde as chamas destruíram nos últimos dois dias cerca de 10 mil hectares de área florestal e os fogos continuam por controlar em Mação e Envendos.

Em declarações à agência Lusa, cerca das 00:30, junto ao posto de comando, no centro da vila, o presidente da Câmara de Mação, no distrito de Santarém, disse "não haver grandes melhorias" a registar e que "continuam-se a evacuar aldeias", tendo referido que os casos mais preocupantes se centram nas freguesias de Mação e Envendos, onde "estão por controlar" dois incêndios.

"As chamas estão ali por controlar e estão a vir para Mação mais habitantes das localidades de Santos, de Caratão e Casas da Ribeira (20 pessoas por aldeia), localidades que situam a cinco, seis e 10 quilómetros da vila, nomeadamente idosos, que vão ser instalados no lar da Santa Casa da Misericórdia de Mação", disse Vasco Estrela.

O autarca destacou ainda o caso de São José das Matas, na freguesia de Envendos, onde a situação "continua preocupante", e "onde o Centro de dia e o Lar já fizeram a recolha dos utentes para o próprio edifício para evitar alguns problemas durante a noite", tendo referido que "algumas zonas estão a conseguir ser controladas muito com a ajuda das máquinas de rastos", nomeadamente na zona da Maxieira e da Serra do Bando.

"Há um ou outro sinal de esperança", notou, tendo referido que o vice-presidente da Câmara, António Louro, está a acompanhar os trabalhos de controlo e combate às frentes ativas e o vereador Vasco Marques se encontra focado na evacuação de pessoas.

No total, contabilizou Vasco Estrela, foram retiradas "cerca de 200 pessoas nos últimos dois dias, das quais cerca de metade já regressou às suas casas", em cerca de 20 aldeias.

Relativamente às evacuações desta noite, o autarca disse que as pessoas "vão ficar alojadas na Santa Casa da Misericórdia de Mação, com muito esforço e empenho, e tentar que fiquem lá alojadas para evitar também separar umas das outras, para que os serviços de saúde possam fazer uma análise".

O presidente da Câmara de Mação, que enquanto falava à Lusa recebia telefonemas de atualização da situação um pouco por todo o concelho, - "muito raramente com boas notícias" -, disse que "os acontecimentos sucedem-se a uma velocidade vertiginosa" e que já existe um "cansaço extremo dos operacionais" no terreno.

"Um dos nossos funcionários, que esteve muito tempo a trabalhar com uma máquina de rastos, foi hospitalizado com cansaço extremo, e há a registar alguns feridos ligeiros e casos de ansiedade, mas nada de muito grave", afirmou.

Até agora, "arderam cinco casas de primeira habitação, para além de casas devolutas, barracões, infraestruturas elétricas e viaturas, com prejuízos não calculados, e mais de 10 mil hectares de floresta, muita área de regeneração natural do incêndio de 2003", frisou.

"Quando estávamos a recuperar o nosso verde horizonte, quando havia uma vez mais esperança da população deste concelho na floresta, na nossa maior riqueza, esta é uma machadada enorme que o concelho está a sofrer", destacou o presidente da Câmara de Mação, lembrando os "muitos avisos" da autarquia e criticando a "falta de uma política nacional para um efetivo ordenamento do território" florestal.

"E o dia tem sido isto", resumiu. "Tentar retirar as muitas pessoas das suas casas, muitas delas onde viveram toda a vida para que seja possível salvar as suas vidas. O inferno tem sido este, onde o fogo chega às aldeias sem qualquer aviso, sem qualquer bombeiro no local", lamentou.

Vasco Estrela apontou também o dedo a problemas "sistemáticos": "Ou há falta de meios, ou, de facto, o incêndio está a evoluir de uma maneira tal que é impossível controlar tudo, ou então alguém tem que responder sobre o que está aqui a acontecer, porque é sistemático. Recebemos informação de que há aldeias para evacuar, sem ninguém no local, chega a GNR, chegam os meios da Câmara Municipal, chegam eventualmente ambulâncias para trazer as pessoas, e os bombeiros, coitados, alguns aparecem lá já quando as coisas estão mais complicadas".

"Estamos a tentar retirar as pessoas dos locais de perigo, pô-las em segurança e depois tentar de alguma forma preservar os seus bens. É isso que tem sido o esforço feito, os bombeiros têm sido incansáveis, uma vez que estão aqui no terreno no sentido de tentar resolver os problemas que vão surgindo. Mas, de facto, vamos sempre a correr atrás do incêndio. Vamos sempre atrás do incêndio de forma sistemática, a proceder à evacuação de aldeias, e andamos nisto há mais de 24 horas", resumiu.

Lusa

 

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