Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, disse hoje na reunião de Câmara Municipal que o fornecimento de refeições aos operacionais, que estiveram no terreno durante os incêndios que assolaram o concelho, correu “muito bem”.
O autarca explicou que há “um acordo com a Santa Casa da Misericórdia que tem a capacidade, num curto espaço de tempo, de pôr à disposição 400 a 450 refeições. Foi isso que aconteceu no incêndio de Cabeça das Mós, em Sardoal, em que a logística foi toda nossa desde o inicio, onde acionamos os meios que fazem parte do nosso plano para que a Santa Casa fornecesse as refeições e correu tudo muito bem. A alimentação era excelente, a comida era boa em qualidade e em quantidade”.
“O mesmo aconteceu no incêndio de Mação, onde a logística estava entregue a Mação, mas entretanto começou a ser um número muito grande de operacionais no terreno e o que combinámos entre os três presidentes [de Mação, Abrantes e Sardoal] era que dividíamos a logística. Sardoal passou a fazer na Associação de Monte Cimeiro com o fornecimento das refeições pela Santa Casa da Misericórdia, Mação continuou a fazer e Abrantes também fez”, referiu o presidente.
Tratou-se de “uma refeição completa com sopa, prato principal, fruta e café. As refeições na Santa Casa da Misericórdia têm também o acompanhamento de um nutricionista que valida o que é fundamental na refeição que estes operacionais devem ter”, fez notar.
Segundo Miguel Borges, “todos os operacionais manifestaram o seu agrado pela forma como foram alimentados no Sardoal. Este problema não me parece que se ponha na região, é um problema de outras regiões onde na verdade as coisas não correram tão bem. Não tenho feedback de nenhum bombeiro da nossa região que tenha referido que as coisas tenham corrido mal”. No entanto, o autarca sardoalense disse que não ficava “indiferente a esta situação sendo certo que sei que a autoridade nacional paga 7 euros por almoço, 7 euros por jantar e 1,80 pelo pequeno-almoço, lanche e reforços. Os 7 euros é dinheiro mais que suficiente para termos uma refeição condigna para estes homens que estão há muitas horas no terreno e que precisam de serem bem alimentados porque de seguida vão novamente para o terreno”.
O presidente lamentou os pedidos de ajuda para os bombeiros que chegam à comunicação social frequentemente: “Pouco depois de estar o incêndio a acontecer já há na comunicação social pedidos de apoio para os bombeiros. Tragam água, tragam refeições, isto não é necessário, é uma falácia completa, porque essa responsabilidade é das entidades detentoras de corpos de bombeiros e do presidente de Câmara, como responsável máximo pela proteção civil”.
“Estes apelos muitas vezes só vêm provocar ruído ao teatro de operações. Porque nós tanto dizemos às pessoas para se manterem sossegadas nas suas casas, que não andem a circular no terreno, porque às vezes temos dezenas e dezenas de carros de bombeiros, e ao mesmo tempo estamos a dizer saiam das casas e tragam água e comida. É de uma irresponsabilidade enorme (…) não há necessidade”, vincou.
Recorde-se que o Ministério da Administração Interna ordenou um inquérito à Autoridade Nacional de Proteção Civil sobre as condições de fornecimento de refeições aos bombeiros que, este mês de agosto, têm participado nas operações de combate aos grandes incêndios.
Numa nota do MAI é referido que o inquérito à ANPC foi ordenado pelo secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes e que deverá ser entregue à tutela até ao dia 30 de setembro.
O inquérito, refere a nota, “tem por base várias denúncias, segundo as quais as refeições são inapropriadas, face ao desgaste a que os operacionais são sujeitos neste tipo de missão”.
Por sua vez, o comandante operacional da proteção civil já veio dizer que não fazem sentido os constantes apelos para fornecimento de alimentação e água aos bombeiros, já que está “claramente definido” o valor das refeições que devem ser fornecidas aos operacionais.
Reunião de Câmara de hoje
Em declarações aos jornalistas, Miguel Borges referiu que os prejuízos decorrentes dos incêndios que afetaram Sardoal centraram-se na área ardida em mato e floresta, dando conta que as chamas passaram por 1.500 hectares do concelho.
Hoje na reunião de câmara foi ainda aprovado a atribuição de 5 equipamentos de proteção individual que serão entregues aos bombeiros de Sardoal por uma entidade privada.
JMC c/Lusa
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