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Investigadores vão desenvolver em Santarém alimentos inovadores para animais

20/07/2019 às 00:00

A Estação Zootécnica Nacional, em Santarém, vai receber um Laboratório Colaborativo dedicado à investigação e inovação em alimentação animal, projeto de 2 milhões de euros que envolve 16 entidades e vai empregar 30 pessoas, na maioria investigadores.

Olga Moreira, coordenadora da EZN, polo do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) situado no Vale de Santarém (Santarém), disse à Lusa que, além da criação de emprego científico, o InovFeed – Estratégias Alimentares Inovadoras para uma Produção Animal Sustentável procurará encontrar respostas para questões que o aumento do consumo de carne tem vindo a colocar.

Como grandes linhas orientadoras do projeto, que resulta de uma candidatura à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), encontram-se a exigência de que o modo de produção de carne seja “mais sustentável e mais eficiente”, tanto para a produção como para o ambiente, e “produzir animais saudáveis para humanos saudáveis”, como decorre da iniciativa One Health, da União Europeia, salientou.

O InovFeed, que tem como investigador responsável o docente da UTAD Emídio Gomes, será um dos cinco Laboratórios Colaborativos que serão apresentados na próxima segunda-feira, numa sessão que vai acontecer na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, no Porto, com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

Segundo a FCT, os Laboratórios Colaborativos (CoLAB) têm como objetivo principal criar, direta e indiretamente, emprego qualificado e emprego científico em Portugal através da implementação de agendas de investigação e de inovação orientadas para a criação de valor económico e social.

O InovFeed, que agrega entidades do setor público – além do INIAV, que coordena, as Universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), de Évora, do Porto (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência) e de Lisboa – e do privado – a Associação de Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA), que detém 80% do mercado, e nove empresas agroalimentares suas associadas – prevê a criação de 30 postos de trabalho em cinco anos, 18 deles investigadores.

Olga Moreira afirmou que, entre os pressupostos deste laboratório, está o facto de a produção pecuária estar “fortemente dependente de recursos alimentares ricos em proteínas”, sendo “de extrema importância o desenvolvimento de estratégias alternativas de fornecimento de proteína que minimizem a dependência de importações” e o desperdício.

Outra vertente passa pelo aumento da “valorização de resíduos orgânicos, resíduos não utilizados e novas gerações de subprodutos” da agroindústria, que serão destinados à cadeia alimentar.

Além de novas fontes de nutrientes, serão desenvolvidas alternativas aos antibióticos, baseados em vegetais, para acabar com a resistência microbiana e garantir animais saudáveis, acrescentou.

A candidatura à FCT implicou uma análise das tendências para consumo de carne, estando previsto um crescimento do consumo a nível global e uma estabilização na UE, até 2050, com uma redução gradual do consumo per capita, tendo em conta as “novas tendências de não consumo” na Europa.

Esta perspetiva obriga a pensar em “modelos híbridos” e tecnologias inteligentes para os produtores de alimentos para animais, de forma a assegurar a sua sustentabilidade e aumentar a eficiência, salientou.

A investigadora afirmou que são esperados impactos na segurança, qualidade e sustentabilidade da produção de alimentos, na sustentabilidade da indústria de produção de alimentos composto para animais, na competitividade do próprio setor da produção animal e na sustentabilidade ambiental.

Lusa

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