A continuação de temperaturas elevadas, ausência de precipitação e perigo de incêndio muito elevado são algumas das previsões do Instituto Português do Mar e das Atmosfera (IPMA) para os próximos meses.
O presidente do IPMA, Miguel Miranda, adiantou, no final de uma reunião em que estiveram presentes os ministros do Ambiente, Administração Interna e Agricultura, que o objetivo não é ser alarmista, mas realista e agir preventivamente.
“A situação não é de dramatismo, temos de ver as coisas com serenidade, mas com antecipação. Desde fevereiro que temos pouca precipitação. A probabilidade de precipitação daqui até ao verão é baixa e, portanto, vamos ter tensão em muitas áreas, no ambiente, no abastecimento, nas barragens, nos fogos. É muito importante que se compreenda agora que vamos ter uma maratona e não uma corrida de 100 metros para chegarmos a setembro, outubro melhor do que no ano passado”, disse.
Miguel Miranda salientou que o perigo de incêndio vai ter valores elevados, destacando que todos têm de se preparar para o verão e balancear economia com a vida dos cidadãos.
“Tem de se avançar com medidas estruturais. Não podemos deixar para o fim para implementar medidas que envolvem políticas, mas também [por parte] dos cidadãos. Temos de balancear igualmente a defesa das pessoas”, disse.
Miguel Miranda lembrou que fevereiro foi um mês quente e seco e abril foi marcado por três ondas de calor, estando 89% do território em situação de seca, sendo que 34% em seca severa e extrema (Região Sul).
No final da reunião, os ministros da Administração Interna (MAI), José Luís Carneiro, do Ambiente, Duarte Cordeiro, e da Agricultura, Maria do Céu Antunes, revelaram preocupação com a situação, mas destacaram que a situação vai sendo avaliada e as medidas serão implementadas sempre que necessário.
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, disse aos jornalista que o Governo tem vindo a sensibilizar instituições e autarquias para ter os planos de defesa contra incêndios preparados, mas também as pessoas no que diz respeito à limpeza dos terrenos.
“As pessoas devem dirigir-se às câmaras municipais, aos serviços municipais de proteção civil, devem dirigir-se aos corpos de bombeiros e procurarem manter trabalhos de limpeza (…) sempre acompanhados por equipas de proteção civil municipal ou bombeiros de forma a que o possam fazer salvaguardando as suas vidas e património”, disse José Luís Carneiro.
O ministro destacou a importância da limpeza dos terrenos na prevenção de incêndio, adiantando que, nestes dias, a proteção civil tem já 40 equipas preposicionadas no país para ajudar a combater os fogos.
“Naturalmente estamos a conjugar esforços para responder, adaptarmo-nos. Em relação aos picos de calor como os que estamos a ter, a ANEPC determinou a constituição de 40 equipas, mais de 200 elementos que estão preposicionados no território para se mobilizarem devido ao risco elevado de incêndio”, salientou.
Por sua vez, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, adiantou que todos têm de trabalhar para criar uma cultura de risco.
“Temos de ter capacidade de adaptação a esta realidade. Tem de haver envolvimento de todos, desde empresas, cidadãos, municípios para ajudar a diminuir o risco. (…) Temos plena noção que em algumas zonas do país onde não há capacidade de abastecimento sem que chova poderá implicar tomar medidas do ponto de vista de contingência”, disse.
Também a ministra da Agricultura destacou a necessidade de criar condições para haver equilíbrios num curto espaço de tempo.
“Neste momento aquilo que nos importa verificar é que temos planos de contingencia que podem ser aplicados em todo o território”.
Lusa