Mais de 80% das gravuras de arte rupestre do Vale do Tejo, em Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco, estão submersas pela água do rio após a construção da Barragem do Fratel nos anos 70 do século XX.
De acordo com a informação disponibilizada no seminário internacional “Vale do Tejo e a Arte Rupestre, 50 anos depois”, que decorre em Vila Velha de Ródão até domingo, um grupo de estudantes de arqueologia encontrou e classificou, na década de 1970, mais de 20 mil gravuras de arte rupestre.
Num vídeo realizado para este seminário internacional organizado pelo município de Vila Velha de Ródão e pela Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT) e passado durante a sessão de abertura, foi explicado que as gravuras rupestres se estendem por mais de 40 quilómetros, o que torna o vale do Tejo “num dos maiores núcleos de arte rupestre do mundo ao ar livre”.
Segundo a informação divulgada, as gravuras de arte rupestre de Vila Velha de Ródão foram descobertas em 1971 por um grupo de estudantes de arqueologia.
Na altura, em pleno Estado Novo, a não construção da barragem do Fratel nunca foi colocada em cima da mesa.
O arqueólogo António Martinho Batista explicou que todo o trabalho foi feito ainda sob o regime de ditadura, pelo que “ninguém punha em causa a construção da barragem”.
Este grupo de estudantes de arqueologia ficou conhecido como a “geração do Tejo” e durante dois anos e meio desenvolveu um trabalho de salvamento das gravuras, usando para isso métodos inovadores para as catalogar.
Durante esses dois anos e meio foram realizados dois mil moldes das gravuras que estão atualmente submersas pelas águas do rio Tejo.
A reabertura do Centro Interpretativo da Arte Rupestre do Vale do Tejo (CIART), em Vila Velha de Ródão, prevista para domingo, foi adiada “devido a imprevistos”, explicou o presidente da câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira.
Este espaço museológico, inaugurado em 2012, foi alvo duma intervenção de requalificação e ampliação, “de forma a torná-lo mais contemporâneo e a permitir ao visitante perceber melhor a riqueza única deste património”.
A inauguração do CIART estava integrada neste seminário que pretende assinalar os 50 anos desde que as águas do Tejo submergiram aquele que é um dos mais importantes conjuntos de arte pós-paleolítica da Europa e para oferecer uma visão ampla e atualizada sobre o mesmo, promovendo o território e o seu património histórico-arqueológico.
O CIART tem como principal missão apoiar o estudo e a preservação deste vasto património arqueológico.
Lusa