Se em 2021 o primeiro Encontro de Matilheiros teve um condão solidário de angariação de ração para os cães, o de 2022 foi um encontro com outro peso e com mais participações.
O largo da Feira, em Mação, acolheu no sábado, 30 de abril, cerca de 400 cães pertencentes a quatro dezenas de matilhas de caça maior, incluindo algumas vindas de Espanha. Este encontro, organizado pela associação ibérica “Juntos pelo Mundo Rural” repetiu a localização pelo apoio da autarquia e, porque Mação tem feito um trabalho de peso na defesa do mundo rural, com fortes contributos para uma mudança do que têm sido os últimos anos.
Este ano o Encontro começou com uma Bênção a todos os matilheiros, porque também eles estão em risco quando acompanham os cães nas montarias. Depois aconteceu um desfile dos matilheiros trajados a rigor, com os animais pela trela e com o “toque do búzio” a ecoar pelas ruas de Mação.
Hugo Gonçalves, matilheiro de São José Das Matas (Envendos), foi homenageado neste encontro.
Manuela Ruivo, da direção da associação "Juntos pelo Mundo Rural" estava satisfeita com este encontro que para além daquilo que são as tradições da caça maior juntou a gastronomia e a promoção da caça como uma vertente fundamental para uma, cada vez mais, divulgação do mundo rural. Este encontro teve ainda uma sessão com receitas do chef Rodrigo Castelo para promover a degustação dos sabores mais intensos da carne de caça nas crianças e jovens.
Manuela Ruivo, “Juntos pelo Mundo Rural”
Vasco Marques, vereador da Câmara de Mação, destacou o apoio da autarquia a este evento, a esta associação que tem vindo a desenvolver o trabalho de promoção do mundo rural que ao longo de muitos anos tendo vindo a perder população e, com esse êxodo, a perder muitas das suas características. E convém lembrar que a caça sempre fez parte do mundo rural.
Vasco Marques, vereador CM Mação
E é assim que as matilhas não servem apenas para a caça ou como apoios a atividades de lazer.
Miguel Ribeiro e Luís Cruz são matilheiros, sendo o Luís um jovem a entrar nesta atividade, embora sempre tenha tido ligações por via familiar à Caça Maior.
À Antena Livre explicam como está a situação neste período de pós-pandemia.
E numa conversa sobre aquilo que é o trabalho destes cães treinados para detetar e perseguir caça maior, com maior incidência nos javalis, ambos os matilheiros destacam outro tipo de ações transversais à caça, como defesa dos campos agrícolas, do controlo da densidade populacional dos javalis ou ainda para afastar os animais das vias rodoviárias.
Uma matilha tem, modo geral, 20 cães treinados para as diversas funções da equipa, havendo os que detetam os javalis, os que perseguem e os encaminham para as portas e os que fazem a defesa da matilha e do matilheiro.
Luís Cruz e Miguel Ribeiro, matilheiros
Este segundo encontro foi de tal forma positivo que a organização pensa já no terceiro, em 2023, com um peso e uma representatividade ainda maior da caça e, acima de tudo, da defesa do “Mundo Rural”.
E neste, de 30 de abril, para além da animação e do convívio não faltou “uma bela feijoada de javali” e outros petiscos de caça, para além do próprio show cooking com as receitas chef Rodrigo Castelo e confecionados pelo chef Miguel Marques e Filipe Gonçalves do restaurante "A Velha" de Abrantes. Nota ainda para a Associação Cultural e Desportiva da Queixoperra que tratou de toda a logística e sobremesas para o almoço convívio do Encontro. Promover a gastronomia típica ligada à caça pode vir a ser uma das áreas a desenvolver em próximas edições.
Galeria de Fotos Créditos: Cátia Murta
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