A ministra da Defesa defendeu esta segunda-feira, em Tancos, no Dia dos Paraquedistas, a necessidade de “recrutar, reter e qualificar melhor” para manter o nível qualitativo das missões desempenhadas pela tropa especial, tendo homenageado dois militares que morreram recentemente.
Perante milhares de paraquedistas de todo o país que se voltaram a juntar para celebrar o Dia da Unidade e o 66º aniversário do Regimento de Paraquedistas, após um interregno de dois anos devido à pandemia, Helena Carreiras destacou o “potencial de combate, a flexibilidade, e uma capacidade de inserção que o distingue dos demais”, lembrando os 46 mil paraquedistas formados na Escola de Tropas Paraquedistas desde a sua fundação, muitos deles presentes em Tancos, Vila Nova da Barquinha (Santarém).
“O legado que os paraquedistas carregam com merecido orgulho é um legado que honra Portugal (…) com base num elevado estado de prontidão, aceitando o desafio de responder às necessidades de empenhamento operacional que lhes têm sido sucessivamente apresentadas, (…) características que permitem que, a nível nacional, os paraquedistas sejam chamados frequentemente a constituir a componente terrestre da Força de Reação Imediata (FRI)”, afirmou a governante.
A nível internacional, lembrou, “os paraquedistas foram as primeiras forças em cenários fulcrais como a Bósnia-Herzegovina, o Kosovo ou Timor-Leste”, tendo feito notar que, desde 2016, têm sido chamados a compor (…) a Força de Reação Rápida das Nações Unidas na República Centro-Africana, com “honras atribuídas por entidades internacionais – como as medalhas das Nações Unidas em reconhecimento do esforço e profissionalismo manifestados – ou a “receção calorosa de que têm sido alvo pelas populações locais”.
Helena Carreiras disse ainda que os militares portugueses têm sido “responsáveis por impactos visíveis no terreno, melhorando as condições de segurança” daqueles que mais visam proteger.
“Para a qualidade deste desempenho, é fundamental a especificidade da vossa formação e do vosso treino, o que também exige da nossa parte todo o cuidado em promover qualidades tão decisivas como a integridade, a lealdade, a camaradagem, ou a capacidade de adaptação, e isso passa forçosamente por atender às especificidades da vossa missão e, simultaneamente, às necessidades que são comuns a todos os homens e mulheres das Forças Armadas”, notou.
Nesse sentido, continuou, “é uma prioridade” de mandato “conseguir recrutar melhor, reter melhor e qualificar melhor, assegurando as condições para o cumprimento de todas as missões que vos venham a ser atribuídas. Queremos que continuem a ser referenciais para outros jovens e que o vosso percurso continue a servir de exemplo para quem escolha abraçar a missão de proteger Portugal”, vincou Carreiras, tendo lembrado de seguida os militares mortos em serviço.
“Infelizmente, conhecemos também o custo que esta missão pode, por vezes, acarretar. (…) Foi o que aconteceu quando, no passado recente, dois militares paraquedistas morreram em serviço, e ao serviço de Portugal. Em 2019, com o primeiro-sargento paraquedista Manuel Teixeira Gonçalves, instrutor, precursor e saltador operacional de grande altitude. E, novamente este ano, com a sargento-ajudante Alexandra Serrano Rosa, pioneira de uma nova geração e a única mulher instrutora de paraquedismo até à data”, evocou.
“Estes dois casos deixaram de luto o Exército Português e toda a comunidade da Defesa Nacional”, afirmou a ministra da Defesa, que homenageou os dois militares com a atribuição da condecoração a título póstumo por serviços distintos, grau cobre, que entregou aos familiares das vítimas.
Helena Carreiras considerou que, “sendo o risco um elemento inerente à condição militar” é preciso “aceitar as suas consequências, tentando sempre mitigá-lo”.
“Mas sabemos também que a morte destes militares encarna aquilo que de mais profundo e valioso investe a condição militar: a total dedicação à missão, mesmo com o sacrifício da própria vida, em prol de um bem maior”, concluiu.
Alexandra Serrano Rosa, 52 anos, morreu em abril deste ano no Arripiado (Chamusca) quando “se encontrava a efetuar um salto de abertura manual para manutenção da qualificação de paraquedista”, não tendo o sistema de paraquedas funcionado “devidamente”, o que originou a queda fatal da sargento-ajudante.
O primeiro-sargento Manuel Gonçalves morreu em setembro de 2019, aos 34 anos, num salto na base aérea de Beja durante a execução de um salto de queda livre e após o sistema de paraquedas não ter funcionado devidamente, segundo o Exército.
Lusa