O orçamento para 2022 da União das Misericórdias Portuguesas no valor de cerca de 15 milhões de euros foi hoje aprovado em assembleia-geral, em Fátima, prevendo um prejuízo de quase 400 mil euros.
Segundo o orçamento aprovado, no valor de 14.967.791 euros, a maior fatia será para os gastos com o pessoal, que se prevê que totalizem 8.759.942 euros.
O documento enviado à Lusa aponta ainda para uma previsão de rendimentos no total de 14.580.131 euros, o que resulta num prejuízo de 387.660 euros.
A UMP prevê encaixar a maior parte dos seus resultados através das rubricas 'subsídios à exploração' (6.900.283 euros) e 'prestação de serviços' (6.149.100 euros).
O presidente da UMP, Manuel Lemos, adiantou, no final da assembleia -geral que decorreu em Fátima, no concelho de Ourém, que as “misericórdias estão preocupadas com a sua sustentabilidade na batalha difícil que estão a travar contra o covid-19”, relatando que “os custos acrescem todos os anos e a situação fica muito complicada”.
Manuel Lemos afirmou que a reunião abordou outras preocupações, nomeadamente os valores nas candidaturas ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a reabilitação ou obras novas das misericórdias.
“As pessoas estão muito preocupadas com o desenvolvimento do PRR. O Estado em boa hora meteu no programa do PRR a requalificação dos lares, só que até parece que a estrutura de missão está a brincar com o setor face às verbas atribuídas à requalificação”, salientou.
Manuel Lemos exemplificou que “o preço do metro quadrado de obra anda à volta de 1.100 a 1.300 euros” e a “comparticipação para a reabilitação anda nos 150 euros”.
“Estamos a brincar. Isso é enganar toda a gente. É enganar quem vai aos programas com esperança de poder melhorar e vê as expectativas frustradas. É condenar os idosos e os trabalhadores que cuidam deles a portugueses de terceira”, criticou o presidente da UMP.
Referindo que a maioria dos lares precisa de reabilitação “para criar melhores condições e mais qualidade e dignidade aos utentes e trabalhadores”, Manuel Lemos pediu ao Governo que “suspenda de imediato este aviso e refaça-o”.
Segundo Manuel Lemos, “as próprias empresas, ao olharem para aqueles valores nem vão a concurso” e as “instituições não têm dinheiro para suportar o restante investimento”.
Durante a assembleia-geral, a UMP comprometeu-se ainda a apoiar as misericórdias a candidatarem-se ao PRR e aos fundos comunitários 2030. “Passa por fazer ações de formação para as misericórdias poderem concorrer a esses fundos e às candidaturas que aparecem de outros lados e pelo apoio normal que lhes damos na área da ação social e jurídica”, explicou.
A UMP poderá ainda colaborar na realização de auditorias internas “para os ajudar a perceber se estão a gerir bem ou mal e, se têm resultados negativos, onde é possível cortar as gorduras”.
Lusa