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Movimento insiste na "urgência" da limpeza diária de jacintos no rio Sorraia

17/01/2020 às 00:00

O movimento Juntos pelo Sorraia insistiu na “urgência” da remoção “diária” dos jacintos que continuam a invadir o rio Sorraia, pedindo que seja também encontrada uma solução para os que foram retirados e colocados nas margens.

Sandra Alcobia, bióloga e uma das dinamizadoras do movimento, lamentou que a intervenção “séria e diária” que aconteceu em outubro e início de novembro tenha passado a ser “mais pontual, mais junto às pontes”.

O movimento Juntos pelo Sorraia acompanhou hoje uma delegação do Bloco de Esquerda numa visita a dois pontos do Sorraia no concelho de Benavente (Santarém), ao Trejoito, onde um manto acastanhado de jacintos “não deixa ver que ali passa um rio”, e à Torrinha, onde são visíveis nas margens vários montes da planta, com vários metros de altura, e onde uma máquina da Associação de Regantes continua a retirar jacintos do rio, junto à ponte.

“Podemos verificar e dizer que quase que parece que o trabalho não foi feito, porque estamos a falar de milhares de pés de jacintos, uma rede gigantesca que estava a cobrir o rio e que, à medida que a própria água os vai soltando, vão avançando e vão chegando cada vez mais para jusante”, salientou Sandra Alcobia.

Para a bióloga, é “urgente que o trabalho seja diário, que se continue com a remoção mecânica que está a ser feita, apesar de não ser a ideal”, já que “os propágulos se vão partindo, vão quebrando e vão dar origem a novas plantas”.

Segundo afirmou, “esta é a altura ideal do ano para fazê-lo, porque é a altura, no ciclo de vida da planta, de reprodutividade baixa”, devido ao frio.

Salientando a área extensa que está em causa, de dezenas de quilómetros, dada a quantidade de afluentes, também já “completamente contaminados”, Sandra Alcobia alertou para a consciencialização de que este “é um trabalho que vai demorar muitos, muitos anos”.

“Se imaginarmos que cada semente tem uma duração de vida de perto de 20 anos, imaginem agora todo este banco de sementes que aqui está acumulado, com toda esta montanha de jacintos que estão a ser retiradas de junto das pontes”, disse, pedindo que seja encontrada uma solução também para este material.

“Deixar o jacinto na margem não é de todo uma solução”, disse, deixando como sugestão o aproveitamento pelas empresas que estão a surgir para a recolha seletiva de compostos orgânicos (para compostagem) ou a análise de soluções encontradas em vários países.

“Entendo perfeitamente que as espécies invasoras não possam ser aproveitadas em termos económicos, procurando não fomentar a sua dispersão, mas o que é verdade é que tudo o que está acumulado aqui nas margens também está a libertar para a atmosfera todo o seu CO2, portanto tudo o que absorveu em vida está a ser libertado, e está a produzir gás. Por debaixo desta montanha de jacintos há gás a ser formado. É compostagem pura”, declarou.

Na nota em que divulgou a visita de hoje, o BE acusou o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, de ter “mentido no parlamento”, quando afirmou que “o Sorraia está limpo”.

O coordenador distrital do BE, Luís Gomes, disse à Lusa que vai reportar ao grupo parlamentar aquilo que a delegação bloquista viu hoje no terreno, admitindo que o Ministério do Ambiente venha de novo a ser questionado, nomeadamente quanto à concretização do projeto de resolução aprovado na Assembleia da República, o qual recomendava a adoção de um plano, dotado de meios financeiros, para “encarar seriamente este atentado ambiental”.

“Isto não vai ser fácil de resolver. É preciso ter consciência disso”, disse, sublinhando que este “é um problema estrutural que é preciso encarar seriamente e rapidamente”.

José Pastoria, outro elemento do Juntos pelo Sorraia, salientou a disponibilidade do movimento para acompanhar todos os outros partidos que estejam empenhados em dar visibilidade e a encontrar uma solução para o problema.

Segundo disse, há já igual pedido dos deputados do PSD, que aguarda apenas indicação da data, e manifestações de interesse de outros que só não se concretizaram antes porque o movimento não quis que coincidissem com a campanha eleitoral.

Lusa

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