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Alimentação: Nova bastonária dos nutricionistas alerta para assimetrias regionais no apoio à população

21/10/2023 às 12:02

A recém-eleita bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Liliana Sousa, alertou para a inexistência de nutricionistas em alguns municípios do país, em contraponto com outras regiões, defendendo que o acesso a cuidados nutricionais tem de ser igual para todos.

Nutricionista há quase 25 anos e com carreira no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Liliana Sousa, que substituirá Alexandra Bento, no cargo há 12 anos, tomará posse como bastonária no dia 01 de novembro.

Em entrevista à agência Lusa, Liliana Sousa falou das prioridades para o seu mandato de quatro anos, entre as quais a criação da carreira especial de nutricionista na Administração Pública, e da escassez de profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS), nas escolas e nas autarquias para dar resposta às necessidades efetivas da população.

Liliana Sousa apontou “uma disparidade muito grande” no continente e mesmo nas ilhas dos Açores da Madeira no que se refere à distribuição dos nutricionistas pelos diversos municípios.

“Temos municípios que não têm nenhum nutricionista a trabalhar nas suas câmaras municipais e depois temos outros que acabam até por ter alguma evolução no que diz respeito ao crescimento de colegas dentro destas instituições”, disse, defendendo que "a população tem que ter os mesmos direitos no que se refere aos cuidados nutricionais, seja a Norte, a Centro, a Sul, seja nas ilhas”.

Relativamente ao número de nutricionistas no SNS, a nova bastonária disse que os rácios lhe parecem “irrealistas” face às necessidades, principalmente nos cuidados de saúde primários, onde “há ainda uma escassez muito importante de recursos humanos”.

“Gostaríamos de rever e de trabalhar esses rácios, aproximá-los um pouco mais daquilo que é a necessidade real” da população, declarou.

Quanto às escolas, Liliana Sousa disse que devem ser “uma fonte de preocupação”, uma vez que não têm nutricionistas presencialmente.

Adiantou que foram contratados “muito recentemente” nove nutricionistas para as direções regionais de educação que se juntam a uma profissional que já estava na Direção-Geral de Educação.

Para a nutricionista, há um trabalho a fazer de “uma forma exaustiva” ao nível da administração pública, nomeadamente na área da saúde, mas também noutras áreas que estão numa fase “ainda muito mais atrasada”, nomeadamente na educação, na administração interna, na defesa.

“Precisamos de cuidar mais também da profissão nestes locais e, portanto, esta vai ser uma área muito abrangente e que nos vai dar muito trabalho, mas, acima de tudo, o reconhecimento de que, sem recursos humanos, não é possível prestar os cuidados necessários e será este o nosso primeiro patamar em termos de intervenção”, vincou.

Atualmente, os nutricionistas no SNS estão distribuídos por três carreiras distintas, sendo objetivo de Liliana Sousa uniformizá-las, através da criação da carreira especial de nutricionista na administração pública.

“Estes colegas têm as mesmas funções, as mesmas obrigações, mas têm direitos diferentes, não só no que se refere à remuneração, mas às próprias oportunidades de progressão em cada uma destas carreiras”, uma situação que disse criar “algum atrito” no ambiente de trabalho e “uma desmotivação muito grande por parte dos profissionais”.

Liliana Sousa reconheceu que a criação desta carreira vai ser "um grande desafio", mas é um "passo que tem que ser dado", para que, "a seu tempo, esta carreira sirva qualquer colega que esteja a desempenhar funções na administração pública".

Mas o “primeiro desafio” da nova bastonária antes de iniciar os trabalhos foi ditado pelo resultado das eleições, uma vez que é um mandato constituído pela primeira vez por um Conselho Geral constituído por um número igual de conselheiros das duas listas que concorreram.

“Nós vencemos o órgão do bastonário com uma diferença de 16 votos [face à lista liderada por Bárbara Beleza], mas perdemos, infelizmente, o órgão de conselho jurisdicional pela mesma diferença de 16 votos e, portanto, vamos ter que conversar” para “estabelecer um equilíbrio” que permita “trabalhar em prol da profissão e da população”, salientou Liliana Sousa.

Lusa

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