A nova série de animação “Jellystone”, que se estreia a 17 de janeiro no canal Cartoon Network Portugal, vai dar nova vida a dezenas de personagens que estavam no baú da antiga gigante dos desenhos animados Hanna-Barbera.
“É a realeza da animação, é o trabalho de sonho para qualquer pessoa”, disse à agência Lusa o produtor executivo e 'showrunner' C.H. Greenblatt, que foi convidado para o projeto por executivos da Warner Bros. “Disseram-me para fazer o que quisesse. Há tanto tempo que ninguém fazia nada com estes personagens que não havia expectativas”, contou.
A Hanna-Barbera, entretanto absorvida pela Warner Bros. Animation, foi a casa que criou personagens tão icónicos como o urso Yogi, a Formiga Atómica, os Flintstones, os Jetsons, Top Cat, Scooby-Doo, Tom e Jerry, Capitão Caverna e muitos outros.
“Há tantos personagens, são dezenas e dezenas, mais do que me lembrava”, referiu Greenblatt. “A ideia de 'Jellystone' começou a formar-se quando percebi que era muito mais divertido quando eles interagiam uns com os outros, do que se cada um tivesse a sua 'curta' em separado”.
Foi assim que surgiu o conceito desta cidade, onde vemos reaparecer personagens que estavam na prateleira, como Yogi, Catatau, Zé Colmeia, Cindy ou Huckleberry Hound, sem limites para o que é possível criar e recuperar.
“Senti que a força do universo Hanna-Barbera estava nos seus números e não num personagem em particular que fosse principal”, descreveu Greenblatt. “Toda a gente gosta do Yogi e tentaram trazê-lo de volta ao longo dos anos, mas é complicado. Nesta versão há outros personagens para o equilibrar e dar-lhe um papel na sociedade, em vez de apenas estar sempre a tentar roubar um cesto de piquenique”.
Isso abriu um mundo de possibilidades. “Posso pôr qualquer personagem em qualquer papel na sociedade. Posso pôr o Huckleberry Hound como presidente da câmara e a Cindy como médica, posso trocar o género de Jabberjaw e pô-la como empregada de loja”, explicou Greenblatt.
Os criadores decidiram trocar o género de vários personagens para levar mais diversidade e criatividade à série, o que dá a “Jellystone” um sentido de novidade e renovação.
Também decidiram afastar-se um pouco da estética 'mid-century' dos clássicos Hanna-Barbera, porque não queriam que Jellystone fosse uma cidade 'retro', parada nos anos cinquenta.
“Esta cidade é muito europeia, uma cidade costeira que quase parece ser intemporal”, descreveu. “É uma cidade que foi preservada no tempo, tem ruas de calçada, mas com amenidades modernas, como carros e telemóveis. Queria uma cidade charmosa”, acrescentou. “Há algo interessante na ideia de que são personagens de outro tempo, mas não queria que parecesse que estavam fechados numa bolha retro”.
C.H. Greenblatt disse que um dos temas essenciais da série, que espera vir a agradar a crianças e também aos pais, é a ideia de resolver problemas em conjunto.
“Jellystone é uma série sobre comunidade, sobre pessoas que se juntam e lidam com crises parvas todas as semanas”, disse. “Inundam a cidade, incendeiam tudo, transformam toda a gente em gelatina, e depois levantam-se e seguem em frente. Não ficam em baixo e há algo cativante nisso”.
Apesar de ter começado a trabalhar no projeto antes da pandemia de covid-19, Greenblatt assumiu que estas características podem dizer ainda mais a uma audiência que está há dois anos debaixo desta nuvem.
“Há algo interessante sobre um personagem que nunca fica em baixo. Há algo inspirador nisso, apesar de ser apenas uma série tola com animais falantes”, gracejou. No fundo, disse, “a tolice nunca sai de moda” e as crianças gostam sempre de coisas tolas que as façam rir.
“As histórias que gosto de contar são sobre a sociedade, sobre as pessoas, sobre as suas inseguranças, preocupações e esperanças”, disse Greenblatt, notório pelo seu trabalho em “Bob Esponja”.
“Espero que as pessoas lhe deem uma oportunidade e não fiquem chateadas com as mudanças. Lutar contra a nostalgia é difícil”, admitiu. “O maior objetivo desta série é relembrar a nova geração do quão incrível são estes personagens. Muitos foram esquecidos pelas pessoas abaixo de uma certa idade e é bom voltar a torná-los relevantes”.
“Jellystone” estreia-se às 20:20 de 17 de janeiro, no Cartoon Network Portugal, com episódios de segunda a quinta à mesma hora.
Lusa