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Astronomia: O céu de novembro de 2023

4/11/2023 às 10:00
FIGURA-1

A oposição de Júpiter (presença na direção oposta à do Sol) não só marca o terceiro dia deste mês como também assinala o quinquagésimo aniversário do lançamento da sonda Mariner 10. Esta sonda estudou a atmosfera e superfície do planeta Mercúrio, tendo realizado uma passagem pelo planeta Vénus (que também estudou) para lá chegar. Esta foi a primeira vez em que se utilizou o campo gravítico de um planeta como forma de travar uma sonda espacial, economizando-se assim combustível, numa técnica chamada de assistência gravítica.

Na manhã de dia cinco dar-se-á o quarto minguante ligeiramente à direita da constelação do Caranguejo. No entanto, dada a fase da Lua em questão, apenas assistiremos ao seu nascimento aquando da mudança do dia. Nesta mesma madrugada de dia seis terá lugar o pico de atividade da chuva de estrelas que parecerão surgir de um ponto da estrela celeste (o radiante) situado junto ao dorso da constelação do Touro: as Táuridas do Sul. Passada uma semana iremos deparar-nos com o pico de outra chuva de meteoros com o radiante localizado ligeiramente mais acima, daí esta chuva de estrelas ser chamada de Táuridas do Norte. Enquanto no primeiro evento é originado por restos do cometa 2P/Encke, o segundo tem origem no asteroide 2004 TG10 (objeto com órbita próxima da Terra). Independentemente desta diferença, ambas chuvas de meteoros são particularmente fracas sendo espectável que mesmo aquando do pico de atividade não se chegue a ver meia dezena de meteoros por hora.

Na manhã de dia nove a Lua irá passar numa direção tão próxima de Vénus que nalguns pontos da Europa (excluindo a península Ibérica) a Lua será vista passar à frente deste astro.

Aquando da lua nova de dia treze o planeta Úrano estará em oposição. Mas apesar de esta ser das ocasiões em que Úrano se encontra mais próximo de nós, a sua observação continuará a requerer um telescópio com pelo menos uma vintena de centímetros de abertura.

No dia quinze de comemora-se o trigésimo quinto aniversário do primeiro e único lançamento do Buran, o vaivém espacial soviético.

Na madrugada do dia dezoito o planeta Marte estará em conjunção (i.e. na direção) com o Sol, não sendo possível a sua observação. Mesmo no início e final deste mês, ocasiões em que Marte estará mais afastado do Sol, a observação deste planeta será extremamente difícil.

Na madrugada de dia dezoito irá ocorrer o pico de atividade da chuva de estrelas Leónidas, pequenas poeiras e rochas provenientes do cometa 55P/Tempel-Tuttle. De notar que a dúzia de meteoros por hora prevista para o pico de atividade é uma estimativa demasiado otimista uma vez que esta é feita assumindo um céu completamente escuro e que o radiante da chuva de estrela se encontra imediatamente acima do observador.

O quarto crescente de dia vinte terá lugar junto ao planeta Saturno. Esta efeméride irá coincidir com o vigésimo quinto aniversário do lançamento do Zaria, o primeiro módulo da estação Espacial internacional.

No dia vinte e cinco a Lua situar-se-á ao lado de Júpiter. Dois dias depois a Lua, já na sua fase de lua cheia, será vista junto do aglomerado estelar das Plêiades, também conhecido como o Sete-Estrelo devido às sete estrelas visíveis a olho nu (o Sete-Estrelo) e com a lua cheia.

Boas observações!

Fernando J. G. Pinheiro (CITEUC e FCTUC)

 

Figura 1: céu a sul pelas seis horas da madrugada de dia um. Igualmente é visível a posição da Lua no dia 5 e os radiantes das chuvas de estrelas Leónidas e Táuridas do Norte

Figura 2: céu a sul ao anoitecer de dia cinte e cinco, donde igualmente pode ser apreciada a posição do quarto crescente de dia vinte.

(imagens adaptadas de Stellarium)

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