Octávio Oliveira, Manuela Ruivo, Maria do Céu Albuquerque e Pedro Bleck da Silva
“O Mutualismo em Abrantes” foi o tema que encheu a sala do Arquivo Municipal Eduardo Campos, ontem, quinta-feira. A sessão veio a propósito da exposição documental que ali está patente sobre o Montepio Abrantino Soares Mendes, que em setembro próximo completa 161 anos.
Na sessão, as boas vindas foram formuladas pela presidente da Câmara, Maria do Céu Albuquerque.
De seguida, Pedro Bleck da Silva, um homem que dedicou muitos anos à causa o mutualismo em Portugal e na Europa, falou do “momento conturbado” que o movimento mutualista vive na Europa e dos desafios que se lhe colocam.
Octávio Oliveira, que foi secretário de Estado do Emprego no XIX Governo Constitucional, do Tramagal e com larga experiência na área social, falou da complementaridade das associações mutualista relativamente aos vazios deixados pelo Estado. E Manuela Ruivo, presidente da direção do Montepio Abrantino Soares Mendes fez a apresentação sumária da história da associação a que preside, dos serviços que presta aos associados e de alguns problemas que se colocam à atual direcção. Para finalizar, os presentes foram convidados a visitarem a exposição que ali fica patente até 28 de Abril.
Após a sessão, Pedro Bleck da Silva falou sobre a importância e os desafios das associações mutualistas como respostas para o mundo de hoje: “Temos de pensar que temos de resolver os nossos problemas e não podemos estar à espera que outros os resolvam por nós”, esta “é a melhor forma de organização humana entre os homens”.
“Cada vez menos os Estados vão ter capacidade para satisfazer as necessidades das pessoas em termos de saúde, segurança social, desemprego, etc. Vai ser um espaço que, infelizmente, o crescimento económico se calhar não vai ser exponencial e cada vez mais haverá espaço para as organizações mutualistas”, fez notar Pedro Bleck da Silva
O responsável avançou os principais desafios das associações mutualistas, dando conta que “as entidades públicas devem conhecer o papel das organizações mutualistas na Europa e em Portugal". Já as associações mutualistas devem reunir as "ferramentas e os instrumentos que precisam para se estabilizarem e se darem a conhecer às populações”.
Por sua vez, Octávio Oliveira explicou-nos o papel de complementaridade que as associações mutualistas podem ter relativamente ao Estado, que criou a Segurança Social e o Sistema Nacional de Saúde, mas não é uma resposta total.
“Tem havido um progresso nas funções sociais do Estado e portanto de alguma forma o Estado em vários domínios desde a saúde, à assistência social e outras, nas últimas décadas tem evoluído na sua capacidade e universalidade de proporcionar essas soluções aos portugueses”, afirmou.
“Sejam as pessoas que estão associadas ao Montepio Abrantino Soares Mendes, sejam os governos públicos e sociais, devem avaliar como é que estas instituições mutualistas podem cumprir a sua missão, complementando as funções do Estado de forma a serem úteis”, acrescentou Octávio Oliveira.
Manuela Ruivo, presidente da direção do Montepio Abrantino Soares Mendes falou do momento atual desta associação mutualista.
“Todo o trajeto do Montepio Abrantino Soares Mendes desde que foi iniciado em Abrantes teve altos e baixos. Conseguiu perdurar dado ao facto de existirem pessoas boas que se entregaram, que deram o seu melhor para com esta instituição. Nem sempre foi fácil, como não é fácil neste momento. Existe uma desmotivação, um abandono da causa pública, em que não há entrega”, lamentou a presidente da direção.
“O nosso objetivo é continuar o trabalho meritório que foi feito”, referiu Manuela Ruivo, dando conta que deseja passar a direção do Montepio Abrantino Soares Mendes “a outra geração, a outra direção, ou grupo que queira trabalhar e tenha empenho e que goste do Montepio”.
Crédito:Alves Jana