A secretária de Estado da Proteção Civil visitou hoje o exercício internacional EU MODEX PT2023, que decorre em Abrantes (Santarém) até sexta-feira, tendo destacado a importância da preparação para situações extremas de incêndios florestais, expectáveis no verão.
“Todas as previsões, quer nacionais quer europeias, indicam que temos uma alta possibilidade de ter um verão difícil, complexo, com temperaturas acima do normal, e é absolutamente prioritário que todas as forças e entidades que partilham responsabilidades nesta matéria se alinhem e que possamos todos convergir para o objetivo de nos prepararmos o melhor passível para este verão”, disse à Lusa Patrícia Gaspar, em Abrantes, à margem da visita ao posto de comando instalado nas imediações do estádio municipal daquela cidade.
Patrícia Gaspar, secretária de Estado Proteção Civil
Cerca de 750 operacionais de Portugal, Espanha, Alemanha, Itália e França participam desde quarta-feira e até sexta-feira, em Abrantes, num exercício que visa treinar a resposta nacional e europeia a um incêndio rural de grandes dimensões, num cenário complexo, com múltiplas ocorrências, e que está a afetar vastas áreas florestais com um grande número de aglomerados populacionais no seu interior.
“Aqui estamos a levar o cenário a uma situação extrema, uma situação em que as capacidades nacionais, por algum motivo, são esgotadas, e o país solicita apoio europeu”, contextualizou a governante, tendo destacado a importância da “preparação” e “interoperabilidade” para enfrentar “uma situação real que possa acontecer” semelhante ao exercício em curso.
“Recebermos aqui um exercício desta natureza, que é muito operacional e muito vocacionado para aquilo que é a interoperabilidade e capacidade de trabalhar em conjunto com diferentes equipas europeias, é uma oportunidade importantíssima que estamos a tentar explorar em todas as suas dimensões”, afirmou a secretária de Estado, tendo destacado o exercício como uma “forma de complementar todo o trabalho de treino e preparação que o sistema nacional tem em curso para este verão”.
O exercício é também uma oportunidade para “identificar aspetos que possam correr menos bem (…) para que, quando for a sério, esses mesmos aspetos não se venham a verificar”, disse a secretária de Estado, lembrando que o cenário que hoje é base de um treino operacional pode efetivamente vir a suceder.
Patrícia Gaspar afirmou que “há seis, sete anos, seria impensável ter equipas de países como a Alemanha interessadas em participar neste tipo de cenários de incêndio florestal”.
No entanto, atualmente “este é um risco que não preocupa apenas os típicos países da bacia do mediterrâneo, mas que está a alastrar para outros países e que tem a ver com o cenário global de alterações climáticas”, acrescentou.
Patrícia Gaspar, secretária de Estado Proteção Civil
Em comunicado, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), entidade organizadora do exercício, em colaboração com o consórcio EURO MODEX, no quadro do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, refere que o exercício “visa treinar e testar a capacidade de resposta conjunta e integrada do Sistema Nacional de Proteção Civil e da União Europeia, num cenário que prevê múltiplas e complexas situações de emergência, provocadas por incêndios rurais, que irão afetar a generalidade do território nacional e, em particular, a região de Lisboa e Vale do Tejo”.
Neste quadro, que serve de base ao exercício, é “acionado o apoio do Mecanismo Europeu de Proteção Civil através da mobilização de módulos de combate a incêndios rurais”, cujas valências em trabalho integrado estão a ser testadas.
“Os diferentes Agentes de Proteção Civil, nacionais e internacionais, irão atuar segundo os protocolos operacionais fixados como se de ocorrências reais se tratassem, desencadeando as ações de resposta necessárias à resolução dos incidentes planeados, pondo em prática e testando as suas diversas capacidades e valências, designadamente de combate a incêndios rurais, de evacuação de populações, de organização de zonas de concentração e de suporte às populações”, lê-se na mesma nota.
Por outro lado, acrescenta, “será igualmente testada a importante componente de receção, integração e coordenação dos meios das equipas internacionais que, numa situação real, possam ser chamados a intervir no quadro de apoio de assistência internacional”.
O exercício envolve módulos terrestres de combate a incêndios dos cinco países envolvidos, assim como o módulo aéreo de Espanha, que participa ainda com um Canadair CL415 e com um módulo de análise e avaliação de incêndios.
A realização desta tipologia de exercícios (MODEX) é financiada pela União Europeia e consiste em exercícios europeus de módulos de Proteção Civil e outras capacidades de resposta a situações de catástrofe e à forma como as forças, entidades e organismos locais participantes se articulam entre si.
C/ Lusa