Entramos no mês de agosto com as temperaturas a subir e com avisos da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e com um dispositivo de socorro reforçado em Fátima por causa da Jornada Mundial da Juventude e da visita do Papa Francisco.
Mas se há um dispositivo reforçado, principalmente com ambulâncias e equipas de socorro na freguesia de Fátima e nas proximidades do santuário, todo o restante território do Médio Tejo mantém as atenções nas suas zonas de risco, principalmente no que diz respeito à possibilidade de ignições de incêndios em zona rural ou florestal.
A ANEPC está no seu estado máximo no que diz respeito do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) e, de acordo com o comandante sub-regional do Médio Tejo, o ideal era haver mesmo, pelo menos, um dia de chuva em cada semana do verão para aumentar os índices de humidade e, com esse fator, diminuir as condições de risco de incêndios.
“Perdoem-me aquelas pessoas que têm férias no verão, mas se chovesse um dia por semana no verão não me chateava nada e era excelente par aquilo que são as condições de deflagração de incêndios”, indicou David Lobato notando que os índices de risco de incêndio estão [a 27 de julho] a níveis intermédios e os níveis da seca estão mais baixos do que no ano passado.
Mas as previsões, de acordo com o comandante da Proteção Civil do Médio Tejo apontam para um agravamento das condições, no mês de agosto, esperando que não aconteça o que tem acontecido na bacia do Mediterrâneo nem no norte de África.
David Lobato indicou que, a esta altura a região está com o melhor ano, em termos de área ardida, fazendo comparação com o período homólogo dos últimos dez anos. “Estamos com 22 hectares de área ardida. É muito pouco para aquilo que é a normalidade do Médio Tejo. Estamos com o quarto ano com menos incêndios, menos ignições e também houve uma alteração na mentalidade das pessoas”, disse o comandante David Lobato que acrescentou estar consciente que ainda há um problema que tem a ver com a intencionalidade dos incêndios. ”A GNR anda a tentar resolver algumas situações, mas não está fácil e Ourém é um dos exemplos. Já estamos, este ano, com 27 incêndios considerados intencionais. Esses não conseguimos controlar, como na redução das queimadas ou na redução dos trabalhos agrícolas.”
David Lobato realça que este ano também não há uma preocupação com os pontos de scooping (zonas de enchimento dos meios aéreos) na albufeira do Castelo de Bode, como aconteceu no ano passado por causa dos níveis mais baixos do armazenamento de água.
O responsável pela Proteção Civil do Médio Tejo destacou ainda o trabalho feito pelos Municípios de Ourém, Ferreira do Zêzere e Torres Novas na construção de pontos de água artificiais de abastecimento para os meios aéreos de asa rotativa (os helicópteros). Cada tanque tem uma capacidade de 800 metros cúbicos e que resulta num apoio extraordinário para as ações de combate. A presença de aviões no teatro de operações é fundamental, mas David Lobato lembra que o tempo médio de descarga em Ourém ou Torres Novas é de 20 minutos [o abastecimento é feito no Castelo de Bode], pelo que o trabalho dos helicópteros é fundamental. Mas o comandante vincou que apesar do grande apoio dos meios aéreos, se não existirem equipas terrestres esse apoio acaba por não ter efeitos práticos no combate.
Para esta primeira semana de agosto as previsões do IPMA indicam a subida de temperatura, a existência de ventos e ainda a diminuição da humidade relativa. Segundo David Lobato a região num nível de alerta azul [os níveis de alerta da Proteção Civil são cinco: verde, azul, amarelo, laranja e vermelho], mas devido à Jornada Mundial da Juventude é possível, ainda não se sabe, que o nível suba para amarelo por forma a que existam meios operacionais disponíveis para qualquer ocorrência, no que diz respeito a incêndios florestais.
David Lobato, comandante sub-regional ANEPC Médio Tejo
Com base nas previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para esta segunda-feira e terça-feira, nomeadamente com o aumento da intensidade do vento, a ANEPC alertou para perigo de incêndio rural muito elevado a máximo no Algarve, no interior Norte e Centro, e Alto Alentejo.
"Este quadro meteorológico aumenta também a probabilidade de ignições o que se traduz num potencial aumento do número de ocorrências de incêndios rurais", avisou a Proteção Civil.
As medidas principais - de acordo com as disposições legais em vigor - passam pela proibição de fazer queimadas extensivas sem autorização e, nos dias de risco de incêndio muito elevado e máximo, é proibido fazer queima de amontoados sem autorização por comunicação prévia às autoridades.
Nos dias de "risco de incêndio muito elevado e máximo é proibido utilizar fogo para a confeção de alimentos em todo o espaço rural, salvo se usados fora das zonas críticas e nos locais devidamente autorizados para o efeito", e é proibido "fumigar ou desinfestar em apiários exceto se os fumigadores tiverem dispositivos de retenção de faúlhas".
Neste grau de risco também é proibido "usar motorroçadoras, corta-matos e destroçadores" e "evitar o uso de grades de discos".
De acordo com a ANPC, o aumento da intensidade do vento poderá provocar um "agravamento da velocidade de propagação inicial dos incêndios" e, consequentemente, um "aumento da dificuldade das ações de supressão".
Para esta terça-feira, estão previstos valores de humidade relativa inferior a 30% na parte leste do interior Norte e Centro, e no interior Sul durante a tarde, com valores inferiores a 20% na Beira Baixa, interior do Baixo Alentejo e sotavento algarvio.
O IPMA prevê ainda vento até 30 quilómetros por hora de norte/noroeste, temporariamente de sudoeste no sotavento algarvio durante a tarde, e soprando por vezes até 40 quilómetros, com rajadas até 65 quilómetros, no litoral oeste a sul do Cabo Raso e nas terras altas, em especial durante a tarde.