A Reserva Natural do Estuário do Tejo completa hoje 48 anos, quando está em discussão uma proposta de Plano de Cogestão para a preservação ambiental desta área protegida, com o desenvolvimento de atividades económicas sustentáveis, turísticas e educativas.
“Eu não me canso de dizer que não há capital na Europa com uma reserva natural tão próxima e tão grande como Lisboa”, realçou o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira (PS), sublinhando a grande importância da área pelos seus ecossistemas “não só ribeirinhos como marítimos, uma vez que faz a transição entre o Tejo e o mar”.
Constituída em 19 de julho de 1976, a Reserva (RNET) é uma área protegida incluída na Rede Natura, com 14.416,21 hectares com águas estuarinas, mouchões, sapais, salinas e lezírias, e agora cogerida pelos municípios de Vila Franca de Xira, Benavente e Alcochete, entre outras entidades, no seguimento da descentralização de competências de gestão de áreas protegidas para os municípios.
Atualmente, a comissão de cogestão elaborou uma proposta para a gestão da área, com medidas para executar entre 2025 e 2028, com um orçamento previsto de “cerca de dois milhões de euros”, em discussão pública até 30 de setembro.
Fernando Paulo Ferreira, que preside à comissão de cogestão, sublinhou que esta área, a maior zona húmida do país e uma das maiores da Europa, única em termos de biodiversidade, serve de abrigo a cerca de 100 mil aves, número que cresce “exponencialmente na altura das migrações, uma vez que é um espaço de passagem obrigatória para inúmeras espécies na sua migração entre a Europa e África e vice-versa”.
Além das valias ambientais, tem associado um conjunto de atividades económicas ligadas à agricultura e à pecuária, “que têm um grande impacto económico em todo o país”, além de atividades ligadas à pesca de atividade tradicional, como a das comunidades avieiras.
Todo este cenário é propício ao desenvolvimento da educação em valores ambientais e ecológicos, de sensibilização para a natureza, de conservação, de preservação cultural e de valorização económica sustentável, mantendo atividades tradicionais e desenvolvendo atividades turísticas de natureza, com o aumento da capacidade de alojamento, o que serviu de base à proposta que está em discussão.
“Temos já um projeto muito interessante sob o ponto de vista ambiental, mas também educativo, que é o EVOA - Espaço de Visitação e Observação de Aves, que tem vindo a fazer um trabalho muito importante de sensibilização, formação e qualificação de novos públicos para a necessidade de preservação dos ecossistemas”, exemplificou.
Segundo Fernando Paulo Ferreira, o número de visitantes à RNET tem crescido, muitos deles cidadãos estrangeiros que procuram o turismo de natureza e atividades ligadas à observação de aves.
“Neste momento já há um nicho turístico muito, muito interessante e traz muitas pessoas a Portugal. E realmente ali é um espaço de excelência, porque fizeram-se umas lagoas para facilitar a presença ali de aves e a identificação de aves”, afirmou.
De acordo com o autarca, as margens do Tejo têm sido requalificadas e existe uma rede de caminhos ribeirinhos que pode ser percorrida, na qual “a preservação dos ecossistemas está muito presente”.
Entre os planos está também a captação de agentes turísticos para o desenvolvimento de passeios orientados ao longo da reserva.
Por outro lado está prevista no plano a manutenção e a reabilitação das condições de vegetação da RNET, numa zona condicionada pelas marés e com “um conjunto de infraestruturas que têm que ser mantidas para permitir a visitação e a manutenção desses ecossistemas”.
A proposta de plano de cogestão está disponível no ‘site’ da Câmara de Vila Franca (https://www.cm-vfxira.pt/cmvfxira/uploads/writer_file/document/34126/planocogestornet_proposta_final_pdf___a3.pdf) e espera contributos até ao fim de setembro.
Lusa