Terminou mais um curso de liderança para 24 jovens. Trata-se de uma iniciativa do Rotary Clube de Abrantes que já vai na 13.ª edição e que já formou ou capacitou 320 jovens ao longo de mais de uma dezena de anos, cuja realização só foi interrompida pela pandemia.
O curso tem a organização do Rotary Clube de Abrantes, mas uma grande parte da componente de formação assenta nos formadores militares do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME) que recebe e acolhe os jovens. Havendo a base para a formação, é desenhado um plano de ação com formadores militares e civis que têm como objetivo aumentar a capacitação dos participantes, envolvendo-os no espírito de camaradagem, entre-ajuda, colaboração, solidariedade e, acima de tudo e testar a sua resiliência, que na psicologia, significa resistência ao choque, à adversidade.
Durante 7 dias os jovens deixaram as famílias, “entregam” os telemóveis, considerado um dos momentos “mais difíceis”, e envolveram-se num programa que lhes proporciona ferramentas para a vida, para o futuro.
E se as regras mais ou menos “militares” podem assustar alguns, grande parte do grupo pediu “um curso avançado”, como que a continuação desta formação base ou inicial.
O encerramento, aconteceu esta terça-feira (12 de setembro) contou com a realização de um jantar, para o qual foram convidados familiares e amigos dos formandos, com uma cerimónia de entrega de diplomas e que permitiu ainda juntar umas boas doses de convívio.
Os jovens, perfilados, à porta do refeitório do RAME receberam os seus convidados antes de se misturarem no meio dos familiares e amigos.
Por parte da organização, dirigentes do Rotary e elementos do comando do RAME, os sorrisos indiciavam o sucesso de mais uma formação que pretende ajudar os jovens que têm oportunidade de participar nas atividades desenvolvidas.
Luís Lopes, representante da Mitsubishi Fuso Truck Europe, revelou que este “foi o curso [daqueles em que esteve envolvido] em que vi mais energia no final”, para ilustrar a união dos 24 formandos.
A Mitsubishi participa sempre nesta atividade que termina com uma visita à fábrica no Tramagal onde a empresa passa aos jovens a forma de liderança e as práticas que aplicadas em meio laboral. Luís Lopes revelou que os jovens “aparecem-nos as 9 da manhã no último dia de curso completamente de rastos. Mas esta é uma experiência para a vida. É um marco na vossa vida que vai perdurar para sempre.”
Já Celeste Simão, vereadora com os pelouros da Educação de Juventude, começou por dizer que a representação que aqui foi feita [formandos fizeram uma “rábula” com cinco dos momentos mais divertidos do curso, entre formadores e formandos] mostra um pouco "o que foi o curso.”
Depois, no papel mais institucional, indicou que a Câmara de Abrantes só tem de agradecer pelo trabalho feito quer pelo Rotary Clube, quer pelos parceiros envolvidos.
Celeste Simão disse depois que “quando é feito um curso de liderança há tantos anos, ele mostra a sua vitalidade. Aqui temos a prova que o projeto funciona para os nossos jovens.”
E a vereadora virou-se depois para os jovens formandos que se apresentaram na festa “da formatura” vestidos de “gala”. “A forma como se apresentação aqui mostra a preocupação que têm. Não dão sinais de vaidade, mas sim de responsabilidade”, indicou a vereadora. E a concluir referiu que os 24 jovens levam a semente do que passaram nesta semana no RAME. “De bom e mau porque a vida tem coisas boas e más. Mostrem aos vossos colegas e amigos a palavra que aqui deixaram como resumo da semana: resiliência”.
A vereadora notou que depois da pandemia parece que “nos tornamos muito mais sensíveis e espero que levem a semente da ajuda uns aos outros que viveram aqui nestes dias.”
António Belém Coelho, presidente do Rotary Clube de Abrantes, quis celebrar o encerramento do 13.º curso de liderança que tem mérito e valor “senão não chegava a este número”. Indicou depois a necessidade e vontade de trabalhar em parceria, neste caso com a entidade militar que é o RAME, mas também com outras unidades militares nas várias palestras. Também com o envolvimento de algumas empresas, como a MFTE que dá muita atenção à responsabilidade social. E destacou ainda o apoio da Fundação Rotária Portuguesa nos vários projetos do Rotary Clube de Abrantes.
Belém Coelho vincou: “Foram 24. Juntam a mais 320 já formados nos 12 cursos anteriores. São cursos para os jovens.”
O presidente do Rotary deixou uma palavra para os formadores militares e civis. Depois virou-se para os formandos e famílias, por sairem da zona de conforto, os primeiros, e, porque deixaram que ganhassem asas para voar, para os segundos. A formação proporcionou-lhes novas competências, mas criou também ligações entre todos.
“Dar de si antes de pensar em si, é o lema do Rotary, mas foi o lema de todos aqui”, disse António Belém Coelho que concluiu a sua intervenção com uma mensagem destinada aos jovens: “Que todos os vossos sonhos se tornem realidade.”
O comandante do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME), coronel Estêvão da Silva dirigiu-se a todos como anfitrião do espaço revelando que “temos a porta escancarada para a sociedade não militar.”
Depois, entre os agradecimentos normais, destacou o “orgulho para todos” e explicou.
“Palavra de orgulho aos 24 formandos. Foram metas que vocês estabeleceram para a vossa vida. Essas metas vão sendo construídas por vós. Depois orgulho de quem conseguiu participar. As autarquias representadas e vejo a forma como as autarquias vão trabalhando. Agradecimento às famílias que contribuíram para os resultados obtidos. Agradecimento e disponibilidade de todos os envolvidos. A minha equipa [formadores do RAME] que é apenas uma pedra na engrenagem.”
Estêvão da Silva confessou estar com receio por ser o 13.º curso, mas “deixamos de lado as superstições, a Lei de Murphy... correu muito bem porque caminhamos juntos.”
Logo de seguida, em modo de despedida, revelou: “daqui a um ano não estou cá, mas vou lembrar-me deste curso.”
O comandante do regimento sediado em Abrantes vincou que se sentem parte deste projeto. “Somos apenas um vetor. A nossa liderança é a Academia Militar. Todos nós oficiais passamos por lá. O nosso papel é colocar ao dispor da sociedade as disponibilidades militares.”
Francisco Prates e Matilde Pombo foram os dois representantes dos formandos a deixar o agradecimento ao Rotary e ao RAME.
“Este curso foi um teste a capacidade física, psicológica e a palavra que o resume é: resiliência.”
Os jovens notaram que quando souberam irem ficar sem telemóveis “foi desafiante” para uma sociedade que não “sabe viver” sem o mundo digital, mas permitiu que os 24 jovens se pudessem conhecer melhor e, afinal, poderem perceber que há mais vida para além dos telefones ou computadores.
O curso, garantiram, foi uma oportunidade única. Depois agradeceram, um a um, aos formadores deixando-os orgulhos e alguns “meio sem jeito” pelas palavras ditas.
E como não há festa sem animação os jovens prepararam dois momentos para brindar os convidados da sessão de encerramento, entre familiares e membros do Rotary Clube de Abrantes. Um dos momentos foi a escolha de cinco momentos, considerados os mais divertidos, e encenados em forma de rábula que provocaram muitas gargalhadas.
O outro foi o grupo, os 24, a interpretar acapella uma versão da música “O Homem do Leme” dos Xutos & Pontapés numa letra também ela divertida, mas apropriada a quem viveu uma semana intensa de ensinamentos para a vida.
Reportagem: Jerónimo Belo Jorge
Fotos: Rotary Clube de Abrantes
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