Todos os anos o Rotary Clube de Abrantes abre os olhos para a sociedade da região de Abrantes para escolher um cidadão que será alvo de uma homenagem. Trata-se da Homenagem ao Profissional do Ano. E as áreas dos homenageados são as mais variadas. Por exemplo, já receberam o galardão personalidades como Silvino Alcaravela, Joaquim Candeias Silva, Mário Pissarra e, no ano passado, José Alves Jana.
Este ano a escolha recaiu no enólogo e empresário tramagalense Nuno Falcão Rodrigues um “abrantino e com uma enorme paixão pelos vinhos.”
O salão de festas do Luna Hotel de Turismo de Abrantes acolheu cerca de 120 pessoas, entre os elementos do clube, convidados do clube e do homenageado. Afinal de contas o Nuno tem amigos e os amigos quiseram estar presentes para assistir à homenagem e brindar ao empresário, naturalmente com um Casal da Coelheira. Claro que não poderia ser de outra forma.
Entre os convidados a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, os presidentes das Câmaras de Abrantes e Mação ou o vice-presidente da Câmara de Sardoal, o presidente da Junta de Freguesia de Tramagal, António José Carvalho, o presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação, Luís Damas, ou o padre de Tramagal, Adelino Cardoso.
E entre os muitos cumprimentos, há rituais que o Rotary mantém sempre nas suas iniciativas. O Cumprimento às Bandeiras é um dos momentos e o outro a apresentação dos membros do clube profissional.
Depois coube ao presidente da direção, que já se sabe está de saída e vai ser substituído por António Belém Coelho, apresentar os motivos que levaram à escolha de Nuno Miguel Falcão Sousa Falcão Freire Rodrigues como profissional do ano.
O presidente vincou a determinação do homenageado na busca da inovação e de não ficar parado à sombra das conquistas do pai que iniciou o percurso da quinta Casal da Coelheira.
“O Nuno carrega o seu saber, a sua qualidade e os seus vinhos por esse mundo fora levando com ele o Tramagal, Casal da Coelheira, Tejo e Abrantes”, explicou José Luís Silva para logo de seguida dizer que este trabalho é reconhecido pelo número de prémios que tem conquistado ao longo dos anos e por esse mundo fora. E depois salientou a continuação do trabalho iniciado pelo pai, ou seja, a continuação pela geração seguinte.
José Luís Silva, presidente Rotary Clube de Abrantes
Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores e amigo do enólogo recuou nas memórias dos tempos de estudante e dos tempos académicos em Castelo Branco. Não se alongou, mas disse que “o Nuno tem o coração do tamanho do mundo.”
Luís Damas
O padre Adelino Cardoso, pároco de Tramagal, explicou que quando foi convidado para esta homenagem aceitou de imediato pelas instituições e pela pessoa [homenageado]. Depois olhou para o trabalho do empresário e para o produto e acabou em modo de brincadeira a dizer “já repararam que o primeiro milagre de Cristo foi o milagre do vinho...”
Padre Adelino Cardoso
António José Carvalho, presidente da Junta de Freguesia de Tramagal, agradeceu a possibilidade de se associarem à homenagem. O autarca do Tramagal disse depois que o Nuno e o pai, José Rodrigues, são representantes de uma excelência agronómica e de vinhos que honram o Tramagal e a região.
“Convivemos com eles todos os dias, vão muito para além do vinho, vão para o cuidado que põem no Casal da Coelheira, numa vasta área que vai deste os ilhotes do Tejo até dentro da Vila de Tramagal, onde se praticam aquilo que é o mais avançado, a nível técnico, na produção agrícola.”
António José Carvalho, presidente JF Tramagal
Manuel Jorge Valatamos, o presidente da Câmara de Abrantes, é associado a Rossio ao Sul do Tejo, mas natural do Tramagal, e começou a sua intervenção a falar da cor do primeiro carro do Nuno Falcão Rodrigues. “Conheço-te à muito (tempo) e sempre te imaginei a fazer o que fazes. Sempre te vi nisto.”
O autarca referiu-se depois à importância que a marca Casal da Coelheira tem a nível local, regional e nacional. E depois agradeceu ao empresário o trabalho que leva o nome de Abrantes aos quatro cantos do país e do mundo.
Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes
Maria do Céu Antunes, ex-presidente da Câmara de Abrantes e, atualmente, ministra da Agricultura e Alimentação, marcou presença nesta homenagem e foi também um regresso aos convívios rotários.
Mas a governante começou por fazer a referência ao patriarca, ao pai José Rodrigues, porque “é um grande homem. Faz uma casa, uma marca, mas sabe sair. Sabe deixá-lo para que a geração seguinte possa entrar com a inovação e tecnologia”, disse Maria do Céu, vincando muito este facto de José Rodrigues ter “passado a pasta ao filho” de forma muito natural e sem grandes mudanças naquilo que tem sido a vida da empresa.
Maria do Céu Antunes, ministra Agricultura e Alimentação
Logo de seguida, Maria do Céu Antunes, virou-se para o homenageado a dizer que o conhece “há, precisamente, 40 anos, quando estavam no secundário, em agropecuária." E depois disse que não lhe passou, pela cabeça, que alguma vez iria ter alguma coisa a ver com agricultura, “mas o Nuno, e outros, o iriam fazer. Fizeram e fizeram muito bem.”
Maria do Céu Antunes vincou que, enquanto presidente da Câmara de Abrantes, teve oportunidade de trabalhar com o Nuno Falcão Rodrigues na promoção dos produtos locais, onde estava incluído o Casal da Coelheira.
Recordou as viagens a promover os produtos locais e frisou que uma dessas viagens foi ao Japão onde deveriam ter voltado para permitir as vendas dos vinhos. Mas ficou a saber que a empresa de Tramagal já fez vendas para o Japão.
E não esqueceu o melhor “rosé” do mundo de 2010, que foi o Casal da Coelheira.
E referiu ainda o empresário, ligado à agricultura, que muitas vezes liga à ministra, não para fazer queixas ou pedidos, mas a dar conta de certas situações que podem ser importantes para decisões para o setor.
Maria do Céu Antunes, ministra Agricultura e Alimentação
O homenageado dividiu a sua intervenção em três partes: Rotary; pai; e mulher, e filhos.
Começou pelo Rotary, a agradecer a distinção revelando que tem uma grande admiração pelo trabalho dos rotários porque o seu pai também é membro deste clube profissional.
Destacou também o trabalho dos grupos jovens, “muito por culpa da minha filha”, dos rotários permitindo disseminar a cultura e os princípios de ser Rotary, assim como o curso de liderança que é feito todos os anos e que, de acordo com o empresário, é um caso-estudo.
Nuno Falcão Rodrigues
Depois, voltando à homenagem, disse ter sido com surpresa que recebeu a notícia, não perdendo a consciência do seu percurso. Mas reconheceu que é uma maratona que não está a ser corrida só por ele. Olhou para o pai. José Rodrigues, sentado ao lado dos netos olhava fixamente para filho e ouviu-o dizer que foi dos pais que teve a formação humana e permanentes motivadores “não permitindo que a minha timidez fosse uma barreira.”
Nuno Falcão Rodrigues frisou que “nunca foram pais de filho único. Eu é que fui filho de pais únicos.”
E depois, em modo de agradecimento, referiu que foram eles que permitiram que fizesse o seu caminho naquilo que gosta.
Nuno Falcão Rodrigues
Mas a vida de empresário, e enólogo, não é fácil, pelo que Nuno Falcão Rodrigues virou-se depois para o presente e agradeceu à mulher, Margarida, e aos filhos, Leonor e Diogo, o caminho que tem vindo a percorrer.
“Hoje, é a Margarida que atura os meus amuos e frustrações. Hoje a minha colega de trabalho, faz também parte dos sucessos”, disse o enólogo não esquecendo os filhos. “Eles sabem que não há qualquer pressão para continuarem o nosso projeto. Quero que sejam felizes. Se passar pelo Casal da Coelheira, o destino o dirá.”
Nuno Falcão Rodrigues
Nuno Falcão Rodrigues nasceu em 17 de setembro de 1970. Casado com Margarida Falcão Rodrigues, tem dois filhos, a Leonor e o Diogo, e estudou até ao 12.º ano em Abrantes. Depois fez o bacharelato em Produção Agrícola em Castelo Branco e viajou para França, em 1991/1992, onde realizou um estágio na Station Expérimentale de Pech-Rouge, em Narbonne.
Voltou a Portugal e licenciou-se em engenharia agroindustrial e, mais tarde [2014/2015] fez um mestrado em Viticultura e Enologia na Universidade Técnica de Lisboa.
Pelo caminho, em 1992, instalou-se como jovem-agricultor, produtor e engarrafador, como empresário em nome individual e, posteriormente, como sócio-gerente da Casal da Coelheira onde tinha também as funções de enólogo.
Em 2011 foi nomeado enólogo do ano pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo.
Acumula mais de uma centena de medalhas de outro e prata, e distinções em dezenas de concursos nacionais e internacionais onde se apresenta. Tem no registo de 2010 aquele sendo considerado “o melhor vinho rosé do mundo.”
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