S. Miguel do Rio Torto engalanou-se no sábado, 7 de abril, para inaugurar a renovada Praça da aldeia, agora batizada de Praça Eduardo Catroga, um filho ilustre da terra. O povo saiu à rua e tomou para si a nova infraestrutura.
Luís Alves, presidente da União de Freguesias de S. Miguel do rio Torto e Rossio ao Sul do Tejo era um homem emocionado na hora de agradecer a todos os que contribuíram para a concretização deste objetivo e teve uma palavra especial para Eduardo Catroga, “um homem que eu aprendi a admirar. Era suposto eu não o admirar porque nós temos opiniões diferentes da vida mas, quando convivemos com as pessoas, tenham elas as ideias e os pensamentos que tiverem, vemos que elas realmente são grandes quando convergem para ajudar as pessoas e o povo. É um amigo desta terra e a ele agradeço o isto ter sido possível”.
Agradeceu às empresas que contribuíram monetariamente e “a todos os anónimos que nos apoiaram. Tenho que agradecer também ao anterior Executivo da Junta de Freguesia e às pessoas que trabalham diretamente comigo pois foram elas que, na altura em que me apetecia dar o pontapé no balde, me disseram para ter calma, que íamos conseguir e a verdade é que isto está feito”.
A última palavra de Luís Alves foi igualmente de “obrigado ao povo de S. Miguel do Rio Torto. Vai ficar com uma infraestrutura que é deles. É vosso, é das pessoas e foi para as pessoas que isto foi feito”.
Mas o dia 7 de abril estava reservado para as inaugurações. Na Casa do Povo de S. Miguel foi inaugurado o novo ringue polidesportivo que transitou da antiga praça. A Casa do Povo também se apresentou de cara lavada para acolher a multidão que aprovou o novo projeto.
Raquel Alves, presidente da Casa do Povo de S. Miguel, agradeceu os apoios recebidos mas não deixou de lembrar que ainda não está tudo feito e que é preciso continuar. “Começa em S. Miguel uma nova temporada, não só marcada por estas infraestruturas mas também pelo apoio do mecenato à nossa aldeia, representado pelo Dr. Eduardo Catroga. Ele moveu montanhas para que estivéssemos aqui hoje”, disse.
A presidente da Direção da Casa do Povo referiu-se aos novos equipamentos como “um motivo de orgulho para S. Miguel”. “São um objetivo que há muito a nossa comunidade desejava mas é importante não esquecer que ainda não está tudo feito”, afirmou Raquel Alves, referindo depois que “o ringue polidesportivo, com todas as condições, é agora uma realidade mas com muito a melhorar relativamente aos seus acessos e às áreas circundantes. A eira precisa de recuperação e de uma nova dinâmica, o lagar, que em tempos foi um grande lagar que fez parte da história da nossa aldeia, precisa de ser qualificado e devolvido à comunidade. Queremos fazer dele um polo cultural da nossa freguesia, do nosso concelho, da nossa região e, quem sabe, do nosso país”. O desafio ficou lançado.
Na hora de discursar, foi um Eduardo Catroga com lágrimas nos olhos que subiu ao palanque. Emocionado, contou como tudo começou, o que se fez para dar o pontapé de partida e as histórias que o envolveram. E foram muitas… Sob um sol quente mas com nuvens cinzentas a ameaçar no céu, o ex-Ministro das Finanças contou como foi convidado em dezembro de 2015 a integrar uma Comissão de Melhoramentos locais. “Uma comissão ad-hoc, informal, para tentar ajudar a Junta de Freguesia e a Casa do Povo num conjunto de projetos”, explicou.
Pediu ajudas, bateu a portas e conseguiu o que prendia. Quanto ao apoio da Autarquia, apenas pediu “a contribuição correspondente ao IVA, à receita do Estado relativamente às obras realizadas”. Foi uma contribuição de cerca de 20% do total da obra.
Mas a Comissão já tem mais projetos na manga. “Este foi o primeiro”. Começaram e não pretendem parar. Já conseguiram a doação do espaço da eira e do lagar à Casa do Povo e querem agora requalificar aquela zona. “O homem sonha e a obra nasce”, concluiu Eduardo Catroga.
Já com o céu a ficar mais escuro, Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, disse que é na junção de entidades e vontades que o Executivo se revê. “É assim que nós nos revemos a fazer aquilo que é necessário para servir as pessoas. É juntar entidades e vontades até porque todos sabemos que é nossa responsabilidade enquanto cidadãos, em primeiro lugar mas também enquanto instituições, trazer todos para a causa pública”.
A presidente lembrou que, hoje em dia, “as condições que temos são completamente diferentes daquelas que tínhamos há 20 anos atrás. Temos menos recursos humanos, temos menos recursos financeiros e precisamos de nos mobilizar todos para fazer obra e para criar condições de vida para fazermos as pessoas mais felizes que é esse o nosso objetivo”.
Por último, e já com a chuva a abençoar as novas infraestruturas, Carlos Miguel, Secretário de Estado das Autarquias Locais, destacou o facto de a freguesia homenagear os seus ainda em vida, ao contrário do que é hábito na cultura portuguesa.
“O povo português tem o vício de não homenagear as pessoas em vida. Quilo que se está aqui a fazer é absolutamente o contrário e quero referenciar isso. É quando nós podemos olhar na cara das pessoas e dizer-lhes “agradeço aquilo que fizeste por mim ou pela minha terra”, que nós o devemos fazer”. Carlos Miguel também se congratulou com o facto “desta obra ter sido feita a várias mãos. Parece que é fácil mas é muito difícil agregar estas mãos todos para trabalharem em conjunto e quero enaltecer isso”.
A manhã foi de inaugurações. A inauguração da Praça Eduardo Catroga e respetivo busto, descerramento de uma placa na rua onde nasceram os irmãos Eduardo e Fernando Catroga e inauguração do novo ringue polidesportivo da Casa do Povo de S. Miguel. Obras que tiveram um investimento total de 570 mil euros, comparticipados em 20% pela Câmara Municipal e restantes 80% recebidos através de mecenato.
A tarde, essa foi passada em convívio, com porcos a assar no espeto e muita animação. Um dia de festa que a aldeia de S. Miguel do Rio Torto não vai esquecer tão cedo.