Um incêndio num lar de idosos particular em Rossio ao Sul do Tejo, concelho Abrantes, provocou na manhã desta segunda-feira, 27 de janeiro, sete feridos graves com três deles a terem de ser evacuados para unidades de queimados de três hospitais centrais.
De acordo com a Segurança Social o lar “não se encontra licenciado” pelo que o Instituto da Segurança Social vai agora abrir o procedimento tendo em vista o apuramento das responsabilidades. O Instituto da Segurança Social, através do Centro Distrital de Santarém emitiu, ao final da tarde desta segunda-feira, um comunicado que revela que deslocou os seus técnicos para o local por forma a encaminhar os idosos para respostas sociais alternativas e condignas. O Centro Social do Pego foi o local de destino de alguns dos idosos que estavam no lar que ardeu.
O Instituto da Segurança Social explica no seu comunicado que dos 19 utentes que estavam no lar, três foram encaminhados para vagas em equipamentos sociais com acordo de cooperação, nove foram acolhidas pelas respetivas famílias. Acrescem ainda os sete que foram hospitalizados, três dos quais acabariam por ser transferidos para as unidades de queimados dos hospitais de São João (Porto), São José e São Francisco Xavier (Lisboa). Os outros quatro idosos transportados para o Hospital de Abrantes apresentam um quadro clínico estável, embora continuem em observação no serviço de urgência.
O fogo, que terá começado numa manta que estava em cima de um aquecedor, levou a que os 18 utentes do lar que funcionava numa moradia tivessem sido evacuados. 11 foram para o bar do Kartódromo de Abrantes, que serviu de apoio às operações, enquanto que os feridos mais graves foram tratados nas ambulâncias do INEM no local e, posteriormente, evacuados para a unidade de Abrantes do Centro Hospitalar do Médio Tejo.
Entrada para a propriedade onde funcionava o lar privado
Segundo a diretora do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar do Médio Tejo, Ana Rita Cardoso, "dos sete feridos que deram entrada no hospital de Abrantes, seis são considerados graves, sendo três deles por queimaduras e outros três por inalação de monóxido de carbono”. A médica esclareceu ainda que os três feridos graves tiveram de ser transferidos para os hospitais de São Francisco Xavier e São José (Lisboa) e São João (Porto) por serem as situações que inspiravam mais cuidados.
A diretora do serviço de urgência do hospital de Abrantes acrescentou ainda que uma das vítimas transferidas para Lisboa, uma idosa com 79 anos, apresentava "um quadro clínico muito grave com 65% a 70% do corpo com queimaduras de 2º e 3º grau".
Ainda segundo a médica da urgência os outros dois idosos, com 78 e 82 anos, que também foram transferidos para as unidades hospitalares centrais ( São Francisco Xavier, em Lisboa, e São João, no Porto), um de helicóptero e um outro de ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV), apresentavam um quadro clínico estável, mas com "queimaduras nas vias áreas".
Os restantes quatro idosos, todos com idades entre os 75 e os 89 anos, "estão estabilizados e em observação e vigilância" no serviço de urgência da unidade hospitalar de Abrantes.
Ana Rita Cardoso, diretora do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar do Médio Tejo
Momento em que o último ferido é evacuado do local do incêndio para o Hospital de Abrantes
O alerta para o incêndio foi dado às 10:27. Os primeiros bombeiros a chegar ao local do fogo iam numa outra missão. Iam para uma reunião e por isso não iam preparados para o fogo. Mesmo assim entraram na moradia em chamas e cheia de fumo. “Não se via nada, devido ao fumo, mas nem pensámos, entramos para tirar os idosos”, contou Rui Claro, dos Voluntários de Abrantes. “Tirámos dois pela janela, passei-os ao Paulo (Dinis) que ficou do lado de fora”, continuou a explicar o bombeiro que revelou que foi uma ação perigosa, mas que a sua missão é salvar vidas. Depois chegaram os meios para que todos os 18 utentes que estavam no interior da moradia fossem retirados.
Rui Claro disse que o pânico que existia cá fora era naturalmente muito grande e acrescentou que a inalação de monóxido de carbono é perigosa. Depois chegou o INEM que de imediato assistiu e fez as triagens dos feridos no local. Chegaram os meios que permitiram combater o fogo. Estiveram no local 33 operacionais apoiados por 13 viaturas, onde se incluíram a ambulância SIV (com Suporte Imediato de Vida), de Torres Novas e a VMER de Abrantes.
No local esteve também a PSP que isolou o local até à chegada da Polícia Judiciária que fez as peritagens no interior da moradia. Ao que contaram alnguns os idosos o fogo terá começado numa manta que cobria um aquecedor.
O bar do Kartódromo foi transformado numa espécie de centro operacional onde as equipas do INEM, primeiro, e as da Segurança Social, depois, fizeram o seu trabalho. Dos 11 utentes do lar privado alguns foram levados por familiares e outros acabaram por ser realojados no Centro Social do Pego, por indicação da Segurança Social.
Aliás, a presença do diretor distrital da Segurança Social foi notada. Renato Bento declinou todas as abordagens sobre o incidente remetendo explicações para um comunicado que a Segurança Social iria emitir da parte da tarde depois de avaliada a situação. De realçar que já pelas 14 horas chegava ao local uma viatura da Inspeção da Segurança Social.
Sabe-se que o lar privado teria uma licença para apenas três idosos e estavam no local 18, situação que vai agora ser avaliada pelos inspetores da Segurança Social. Renato Bento nem sequer confirmou ou não a ilegalidade desta situação, tendo repetido em todas as abordagens dos jornalistas que os serviços iriam emitir um comunicado.
Hermínio Tibério, um dos idosos que estava neste lar, disse à Antena Livre que não viu o que se passou e que saiu da moradia por causa do fumo. Quanto às condições do lar de idosos disse que para ele tinha condições. “Só viam chamas mortas em fumo. Foi uma aflição grande. Mas eu estava noutra sala”, disse o utente do lar dizendo ainda que “na outra sala é que estavam os acamados”.
Quanto aos proprietários a Antena Livre sabe que a dona do lar está hospitalizada e que o marido esteve no local onde foram socorridos todos os idosos, mas sem prestar qualquer esclarecimento sobre o sucedido.
O incêndio foi combatido pelos bombeiros de Abrantes, Vila Nova da Barquinha, Constância, Entroncamento e Sardoal.
Ana Rita Cardoso, diretora do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar do Médio Tejo
António Manuel, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Abrantes, declarações na Edição das 12H da Antena Livre
Reportagem do jornalista Jerónimo Belo Jorge
Texto, fotos e vídeo: Jerónimo Belo Jorge