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Tancos/Armas: Três meses de uma falha na segurança que abalou militares e governo

28/09/2017 às 00:00

O desaparecimento de material de guerra nos paióis de Tancos, há três meses, abalou a instituição militar e o Governo, com a oposição a reclamar responsabilidades políticas e o Presidente da República a exigir uma rápida investigação.

O desaparecimento de granadas de mão e munições dos paióis nacionais de Tancos, Santarém, uma instalação militar crítica, foi divulgado pelo Exército no dia 29 de junho. No mesmo dia, em Bruxelas, o ministro da Defesa, Azeredo Lopes disse que não ficaria "nada por levantar" nas averiguações.

Descrito pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Pina Monteiro, como "um soco no estômago", o desaparecimento das armas levou à exoneração de cinco comandantes de unidades com intervenção em Tancos, readmitidos em funções duas semanas depois.

O "caso de Tancos" provocou duas demissões de peso no Exército, em julho, (Antunes Calçada e António Menezes) com graves consequências na hierarquia, obrigando a uma reorganização interna na estrutura superior de comando, que aguarda ainda por autorizações do ministério da Defesa e das Finanças para suprir as vagas.

O Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas visitou dias depois o local e exigiu uma investigação para "apurar tudo, de alto a baixo, até ao fim, doa a quem doer".

A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou a abertura de um inquérito por suspeitas de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo. A investigação, da qual não houve mais informação até ao momento, é liderada pela Polícia Judiciária com a colaboração da Polícia Judiciária Militar.

A comissão de Defesa Nacional assumiu protagonismo no acompanhamento e fiscalização política da ação do Governo neste processo, com sucessivos pedidos de informação ao ministro da Defesa, que tem considerado insuficientes.

Nesta comissão, o chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, numa reunião à porta fechada, assumiu a responsabilidade do Exército pelo que considerou falta de supervisão, falhas e erros na análise de relatórios, deficiências nas rondas, e falhas no cumprimento de diretrizes.

Em poucos dias, o Exército decidiu tirar de Tancos o material militar ali guardado e movê-lo para outras instalações. Em entrevista à SIC, no dia 02 de julho, Rovisco Duarte admitiu que o furto terá ocorrido "com informação do interior", sublinhando que os paióis "foram escolhidos a dedo".

Logo no dia 03 de julho, a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas pediu a demissão de Azeredo Lopes, considerando que não esteve à altura das suas responsabilidades. O presidente do PSD, Passos Coelho, mostrou-se surpreendido por não ter havido demissões na hierarquia militar mas não pediu a saída do ministro por considerar que cabe ao primeiro-ministro avaliar.

No auge da polémica, António Costa manifestou confiança política em Azeredo Lopes, considerando que "exerceu as suas funções". Ao mesmo tempo, declarou-se solidário com as chefias militares.

Já no início de setembro Marcelo Rebelo de Sousa disse que está preocupado com o tempo que a investigação está a levar, defendendo que são o prestígio e a atuação interna das instituições militares que estão em causa.

O PSD tem subido o tom das críticas à atuação do titular da pasta da Defesa, sobretudo depois de afirmações polémicas do ministro numa entrevista ao DN e à TSF, no passado dia 10, quando diz que "no limite, pode não ter havido furto", referindo-se à ausência de provas.

No primeiro debate em plenário da sessão, Azeredo Lopes optou por não dar explicações sobre a entrevista, apesar de todas as bancadas parlamentares, incluindo o PCP, o BE e o PEV o terem criticado fortemente pelas declarações.

O ministro alegou que muitas das perguntas dos deputados se referem a documentação classificada como "secreta" por quem a produziu, remeteu as respostas para os resultados da investigação judicial.

O furto de Tancos entrou na campanha eleitoral autárquica sobretudo depois de o Expresso ter divulgado, em manchete, um relatório atribuído a "serviços de informações militares", com duras críticas ao ministro Azeredo Lopes e ao chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte.

No mesmo dia, o Estado-Maior General das Forças Armadas disse que o seu centro de informações militares não produziu qualquer relatório sobre o assunto.

No dia seguinte, o primeiro-ministro negou também que algum organismo oficial do Estado tenha produzido o relatório noticiado e o ministério da Defesa desafiou mesmo o Expresso a divulgar na íntegra o documento.

Lusa

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