O rio Tejo “perdeu diversidade morfológica ao longo dos últimos 150 anos devido aos efeitos da pressão humana”, conclui um artigo científico de investigadores do Instituto Superior de Agronomia publicado na revista especializada Catena.
Esta é a principal conclusão do estudo desenvolvido pelo Centro de Estudos Florestais (CEF) do Instituto Superior de Agronomia (ISA), da autoria dos investigadores Maria Rosário Fernandes, Francisca C. Aguiar, Maria João Martins e Rui Rivaes e hoje divulgado.
Segundo a explicação, com o objetivo de reconstruir as trajetórias de alteração morfológica no Tejo português e de avaliar as consequências da crescente regularização hidrológica (construção de barragens) e das mudanças de uso do solo, a equipa de investigadores realizou uma análise temporal assente em três períodos distintos, com recurso a cartografia histórica e atual, tendo incidido sobre três zonas geomorfologicamente distintas.
Os três períodos analisados representam níveis crescentes de regulação hidrológica: 1855 (regulação baixa), 1940 (regulação média) e 2000 (regulação elevada), explica uma nota enviada à Lusa.
Adianta que geograficamente foram analisadas três zonas distintas do rio: Zona Alta, compreendendo o troço entre Vila Velha de Ródão e Belver, Zona Média, entre Belver e Constância, e Zona Baixa, entre Constância e Vila Franca de Xira.
Os resultados “demonstram uma trajetória de alteração morfológica caracterizada pela redução de ilhas e de bancos, estreitamento do canal, redução da sinuosidade e abandono dos braços fluviais laterais”.
“As alterações morfológicas estão na sua maioria relacionadas com a diminuição dos caudais de cheia e com a redução de sedimentos causada pela crescente construção de barragens. A intensificação agrícola, o aumento das florestas de produção e a diminuição dos matos mediterrânicos são também responsáveis por alterações na dinâmica de sedimentos e na conectividade ribeirinha”, concluem os investigadores.
A Zona Alta apresentou a maior quebra de diversidade morfológica, enquanto a Zona Média mostra padrões de elevada variabilidade. A Zona Baixa reflete mudanças contínuas, mas menos pronunciadas, conclui.
Lusa