O Trail Solidário, “Rota da Hakea” organizado a 6 de julho a partir do Campo Militar de Santa Margarida pela Brigada Mecanizada Independente juntou mais de duas toneladas de bens. A prova, com quatro categorias distintas, juntou 343 atletas que para se inscreverem tiveram de deixar a contribuição solidária. E o destino desses bens doados foi o Centro Social Nossa Senhora da Oliveira, de Tramagal.
Esta quinta-feira, 18 de julho, a Brigada promoveu a sessão de entrega dos bens recolhidos, dos atletas e doações dos patrocinadores, ao Centro Social. Trata-se de um apoio à IPSS que permitirá fazer poupança na compra dos produtos que agora entraram nos armazéns.
O Batalhão de Infantaria Mecanizado teve a responsabilidade de organizar esta prova, que regressou este ano depois da paragem em 2019, por causa da pandemia. A prova de trail/running “materializou-se no campo de manobras de Santa Margarida, abrangendo os concelhos de Abrantes, Constância e Chamusca.” O objetivo foi, de acordo com a organização, proporcionar aos atletas novas experiência e sensações, percorrendo trilhos e caminhos, para cultivar, para além da atividade física, o espírito de corpo, a camaradagem e o desportivismo.
“A Rota da Hakea” contou com 513 inscrições, mas no terreno, a 6 de julho, contou com 343 participantes no trail longo com 25 km, no trail curto de 16 km e no curto com carga de 10 kg numa distância de 16 km. Houve ainda uma caminhada para promoção de hábitos de vida saudáveis de 8 km e que contou com a presença de dirigentes do Centro Social, incluindo o presidente da direção, o Padre Adelino Cardoso. E nesta participação, o Pároco de Tramagal, fez questão de dizer que não ia para os lados do Campo Militar há muito tempo, assim como não praticava desporto há algum tempo. Ou seja, fez o dois em um, já que praticou desporto e ainda por cima voltou a percorrer os espaços da ribeira de Alcolobre, uma zona fantástica que traça limites dos concelhos de Constância e Abrantes.
O General Luís Calmeiro, comandante da Brigada Mecanizada Independente, destacou o número de duas tonelada e 100 quilos entregues ao Centro Social. “Isto é o quer torna a prova, que decorreu numa manhã de sábado, mais perene, porque senão todo o planeamento de seis meses terminava numa prova de uma manhã.”
E adiantou ainda que o Exército também tem esta componente solidária. De recordar que a Brigada começou em 2016 com duas provas desportivas, a S. Silvestre Solidária em dezembro (este ano agendada para 14 de dezembro) que também é solidária para uma instituição do concelho de Constância, e o Trail. Veio a pandemia e a prova de Trail foi ficando da gaveta, apesar da realização da S. Silvestre. “Quando tomei posse como comandante da Brigada, em janeiro deste ano, lancei o desafio ao Batalhão de Infantaria Mecanizada para que voltássemos a reeditar a “Rota da Hakea” e nesta matriz solidária.”
Este ano foi entendido que o apoio seria para o Centro Social Nossa Senhora da Oliveira, de Tramagal. A edição do próximo ano já está em preparação, mas ainda não se sabe se a instituição a apoiar será outra ou a mesma. O que se sabe, de acordo com o comandante da Brigada é que a matriz será a mesma, com uma componente solidária, tal como acontece com a S. Silvestre, em dezembro.
Luís Calmeiro revelou que estas duas provas inserem-se na missão do exército e permitem uma abertura da instituição à sociedade Civil. Depois alia-se a uma componente ambiental, percorrendo trilhos em zonas com uma beleza impressionante, para além da componente de defesa ambiental fazendo a ligação a uma infestante, a Hakea, que tem levado a trabalhos intensos dentro do campo de manobras. O General destacou que o Campo Militar está certificado do ponto de vista ambiental e em breve teremos a renovação da certificação ambiental. “A hakea é uma infestante que existe no Campo Militar, e como infestante, é uma das preocupações que temos com ações que desenvolvemos para conter essa infestante.”
General Luís Calmeiro
O Padre Adelino Cardoso estava satisfeito. E a satisfação tinha várias origens. Desde logo o apoio de duas toneladas de bens alimentares que permitirão aliviar a fatura das compras para o economato. Depois porque uma instituição como o exército lembrou-se de uma instituição social, que tal como todas as outras similares, têm sempre as portas abertas para este tipo de ações solidárias. E há ainda a vertente desta ação ter tido o contributo das mais de 300 pessoas que participaram.
Na manhã desta quinta-feira, as crianças da creche assistiram à cerimónia enquanto, em fundo, se ouvia o trabalho de construção civil do novo edifício que vai albergar o lar de idosos com 38 camas e que deverá estar pronto em 2025.
“Tudo aquilo que vem, e desta forma gratuita e solidária, é bem-vindo”, sublinhou o Padre que destacou a relevância da instituição, escolhida pela organização da prova.
E a importância foi ainda maior porque sendo uma prova desportiva, as centenas de pessoas que participaram ficaram a conhecer a instituição e ficaram a sabem a quem se destinavam os bens doados.
Padre Adelino Cardoso
O Centro Social Nossa Senhora da Oliveira, de Tramagal, tem uma creche com 32 crianças, tem depois centro de dia cheio, com 29 idosos, e depois junta-se ainda o apoio domiciliário. “Felizmente temos uma grande entre-ajuda entre os funcionários e a direção, apesar dos dirigentes trabalharem, também fazem a doação do seu tempo."
O Centro Social tem, nesta altura, 25 funcionários para as três valências e, em 2025, com a abertura do lar de idosos deverá acrescentar mais 11 pessoas aos recursos humanos.
O Centro Social está a fazer um investimento de 1 Milhão e 400 mil euros, quando tem garantida a comparticipação de 50% deste valor pela Segurança Social, através do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES). Tem ainda o acordo do Município de Abrantes para financiamento da aquisição do equipamento para a cozinha, no valor de cerca de 65 mil euros.
O Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora da Oliveira vai ter de garantir o financiamento de cerca de 700 mil euros, sendo que haverá, de acordo com Adelino Cardoso, a necessidade de recorrer à banca, apesar da IPSS estar à procura de outros meios de financiamento, sendo que até já fez um peditório na vila e do qual resultou um encaixe de mais 14 mil euros.
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