O concurso de ideias "Do Artesanato Tradicional à Inovação", organizado pela TAGUS – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior, concluiu mais uma edição e declarou os seus vencedores.
O concurso desafiou pessoas de todas as idades a participar individualmente ou em grupos de até quatro elementos. Catarina Lourenço, representante da TAGUS, destacou a diversidade de propostas apresentadas: “tivemos várias propostas diferentes, desde um guarda-sol gigante a malas de praia e mesas. O limite é a imaginação dos artistas.”
Os artistas podiam submeter projetos em duas ou três dimensões, inspirados em peças de artesanato tradicional específicas como o tijolo burro artesanal, os registos do Pego, as seiras e os capachos, as bonecas de perna de cana e o mobiliário em madeira e taboa, os leques de palha e as malas de folha de Flandres. “Os sete objetos base podiam ser usados em conjunto ou isoladamente, conforme a inspiração do artista,” explicou Catarina Lourenço. “O capacho acabou por ser aquele que mais captou a atenção dos jovens artistas e potenciais artesãos.”
Os prémios, que somam um valor total de 2.050 euros, proporcionam acesso a diversos equipamentos culturais ou de fruição turística.
Esta é uma forma de promoção do artesanato deste território. Para além dos projetos das "Artes e Ofícios do Ribatejo Interior", a TAGUS tem participado em eventos como a Feira Internacional de Artesanato, aumentando a visibilidade do artesanato regional. “Está a espalhar-se mais”, comentou Catarina Lourenço. “As pessoas estão a ter mais conhecimento sobre o artesanato do nosso território e o que é este projeto (AO.RI) em si”.
Para o futuro, a TAGUS já tem planos para o concurso, como revelou Catarina Lourenço. "Para o próximo ano, iremos acrescentar novas peças ao concurso, mantendo as sete originais e integrando outros elementos tradicionais do nosso território, como os palmitos”.
Catarina Lourenço, Tagus
As melhores propostas foram submetidas a uma votação pública nas redes sociais do AO.RI Artes e Ofícios do Ribatejo Interior, entre 3 e 19 de junho. Daniela Elias, vencedora do prémio do público, descreveu a sua criação “eu apresentei uma proposta de um candeeiro de teto, inspirado nos capachos das Mouriscas e nas memórias das casas de campo do Alentejo. Entrei em contacto com a Sifameca para entender como os capachos eram feitos, quais as dimensões possíveis e quanto tempo demoravam. Foi um projeto pensado para este concurso, mas também uma viagem às minhas próprias inspirações”.
Daniela Elias, expressou grande satisfação com o seu projeto e reforçou a importância de iniciativas como esta. “É muito importante continuarmos a apostar neste tipo de concurso. Espero que mais pessoas participem e se inspirem a criar.” E revelou que, mesmo não tendo a certeza do que acontece à sua peça no futuro, já teve“alguns pedidos para executar o candeeiro”. A criativa deseja que “as pessoas façam as suas casas mais à sua medida, inspiradas em memórias e tradições, sejam seiras, capachos, ou cestos de palhinha. É isso que desejo”.
Daniela Elias, vencedora concurso
Com este concurso a TAGUS pretende não só estimular a inovação no artesanato tradicional, mas também preservar as técnicas e materiais ancestrais do Ribatejo Interior, adaptando-os às necessidades e gostos modernos. Esta fusão de tradição e inovação promete continuar a inspirar artistas e artesãos nos próximos anos. Com prémios que ultrapassam os 2.000 euros, este concurso, tem como objetivo preservar o "saber fazer" tradicional, através da criação de peças inovadoras e adaptadas aos mercados contemporâneos.
Cristiana Farinha
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