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Utentes falam em “degradação como não há memória no país” no serviço dos CTT

12/01/2018 às 00:00

O Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP) defendeu hoje que o serviço prestado pelos CTT demonstra uma “degradação como não há memória no país”, pelos atrasos superiores a meia hora no atendimento e pelo prazo das entregas.

Numa audição na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas sobre a situação da empresa Correios de Portugal – CTT, o responsável do MUSP Rui Monteiro sustentou que se assiste a uma “degradação nos últimos anos como não há memória no país”.

Falando no encerramento de estações no litoral – “porque as do interior já estão fechadas” –, o representante destacou que “a degradação do serviço vai muito além do encerramento das estações”.

Um dos exemplos por si referidos foi o do atendimento, já que “são habituais esperas superiores a meia hora” em “99,5% dos casos”.

Aludindo ao atraso de uma hora na audição face ao previsto, Rui Monteiro ironizou dizendo que “parecia que estava numa estação dos CTT” à espera.

Segundo o responsável, os atrasos verificam-se em todo o país e devem-se à “realidade das estações, com poucos funcionários”.

“Isto deixa-nos uma preocupação muito grande”, notou.

Além do tempo de espera, disse que “o agravamento da degradação” também se sente “no atraso das entregas” e na “falta de conhecimento dos carteiros das populações e até das próprias ruas”.

“Nas zonas urbanas é muito vulgar a morada trocada”, precisou o responsável.

Voltando a falar do fecho de estações, contou que, além de se proporem parcerias às Juntas de Freguesia para acolher postos dos CTT, “foi sugerido a uma associação de dadores em Santarém, que está aberta parte do dia”, que ficasse com esta função, e adiantou que isso também acontece com papelarias e mercearias.

“Em meios pequenos, isso gera problemas de vizinhança”, realçou.

Na ótica de Rui Monteiro, os CTT “deixaram de ser uma empresa postal para serem uma entidade bancária que, por acaso, também distribui correspondência”.

Em dezembro passado, os Correios divulgaram um Plano de Transformação Operacional, que prevê a redução de cerca de 800 trabalhadores na área das operações em três anos, um corte de 25% na remuneração fixa do presidente do Conselho de Administração e do presidente executivo, além da otimização da implantação de rede de lojas, através da conversão de lojas em postos de correio ou do fecho de lojas com pouca procura.

Já esta quinta-feira, a Anacom divulgou 24 novos indicadores de serviço dos CTT até 2020 (prazo determinado para a concessão), visando garantir um “maior nível de qualidade do serviço postal universal”, através de “metas mais exigentes”, como uma “meta de fiabilidade que deverá ser cumprida em 99,9% dos casos”.

A diferença, segundo o regulador, é que passa a ser “obrigatório o cumprimento do valor do objetivo fixado para cada indicador”, enquanto se estabelecia um limiar mínimo.

Os CTT têm estado na ordem do dia, com os partidos políticos e sindicatos preocupados com a qualidade do serviço postal universal, bem como com o plano de reestruturação.

Presentes na reunião de hoje, a socialista Hortense Martins lamentou a “deterioração completa do serviço público”, enquanto o comunista Bruno Dias considerou que “a Anacom teria tudo a ganhar se considerasse” consultar os utentes.

O parlamento iniciou hoje um conjunto de audições sobre a empresa, no seguimento de um requerimento do PS.

A privatização dos CTT rendeu aos cofres do Estado mais de 900 milhões de euros.

Lusa

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