A busca de trilhos e zonas de passeio pelo interior do país, é cada vez mais uma oferta que vai ganhando adeptos. E a proliferação de passadiços abre novas portas para um turismo de ar livre igualmente a crescer.
Em Ortiga, concelho de Mação, estão a nascer uns passadiços que permitirão calcorrear cerca de 1 300 metros, por dentre trilhos de terra e estruturas de madeira, na margem esquerda do rio Tejo. Trata-se de uma obra da Câmara Municipal de Mação na Rota das Pesqueiras e das Lagoas do Tejo e que ficará ligada à Rota do Rio Tejo assim como à PR4, na rede das Rotas de Mação.
Esta zona dos passadiços, em obra que deverá estar concluída ainda nesta primavera, tem a entrada na zona conhecida como Bairro dos Pescadores, perto da barragem de Belver.
Seguramente, para as gentes de Ortiga habituadas a percorrer os trilhos junto ao rio para chegar às pesqueiras, é, mais ou menos, fácil andar pelas pedras, entre vegetação. Para uma visita mais turística, estes passadiços constituem uma porta de acesso a zonas de acessibilidades mais difíceis, já que estão construídos sobre pequenas linhas de água e sobre as pedras que ladeiam a margem do rio, as pesqueiras e as lagoas. Será a porta de entrada para uma “visita ao Tejo” diferente das “normais” que temos.
Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, explicou ao Jornal de Abrantes que a obra deverá estar concluída no prazo de um mês e meio a dois meses, ou seja, em final de abril ou início de maio os passadiços estarão prontos.
Como os passadiços em Portugal, estão muito na moda, quem passa por aquelas bandas tira fotografias e publica-as nas redes sociais, o que aguça ainda mais a curiosidade para quando for permitido percorre-los. Nestas partilhas, o autarca de Mação diz que também tem recebido críticas de quem diz que vai correr mal e indica que são opiniões que respeita.
Vasco Estrela diz que pensa que vai ser uma mais-valia para aquela zona. Há a praia fluvial, o parque de campismo, restauração e pode haver muitos benefícios com mais esta zona de percursos que vai permitir aceder a zonas em que, sem as estruturas de madeira, eram de muito difícil acesso. “Pode vir a ser um fator diferenciador ir às lagoas apreciar toda aquela paisagem”, exemplificou o autarca.
É certo que por ali já existia um trilho na margem, mas o que se procurou fazer nestes passadiços foi, explicou o autarca, “colocar as pessoas o mais próximo do rio, mas em segurança. E conseguir colocá-las por cima das lagoas para as poderem apreciar”.
Esta é uma rota ou uns passadiços do concelho de Mação, mas não esquece que integram uma candidatura a um programa intermunicipal assente na criação de rotas junto ao rio Tejo (e na zona do Agroal, em Ourém) e que tem a ver com o património natural e com a água.
Vasco Estrela vincou que, naturalmente, a intervenção que está a ser feita tem a aprovação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e da Agência Portuguesa do Ambiente. É que nas zonas onde está a ser feita esta intervenção, há a necessidade destas entidades autorizarem qualquer projeto que qualquer entidade ali queira implementar.
Aliás, nesta intervenção, a Câmara Municipal está a construir uma plataforma em madeira que irá albergar as casas dos pescadores, mantendo, desta forma, esta ligação ente a faina da pesca e o turismo.
Vasco Estrela diz que estes passadiços, em ligação direta às Rotas e ao Núcleo Museológico de Ortiga, podem fazer “um caminho” muito interessante. O autarca destaca que há um conjunto de atividades que poderão vir a ser desenvolvidas em torno destes equipamentos. Por exemplo, a ligação à pesca, a criação de campos de pesca para perpetuar esta atividade, profissional e lúdica, com raízes muito fortes na zona de Ortiga.
Esta empreitada tem um custo total de 281 mil euros e a execução prevista de 180 dias. Os trabalhos estão no terreno e uma parte significativa está implementada na zona mais próxima do Bairro dos Pescadores.
De referir que a Associação das Rotas de Mação tem, naquela zona, a passagem da PR4 Rota da Ortiga Sul que é caracterizada por ter um percurso circular de 15 quilómetros que pode ser percorrido em cerca de 4 horas. De acordo com a Associação, esta rota em um grau de alguma dificuldade, com um desnível acumulado de 204 metros, a altitude máxima de 142 metros e a mínima de 27 metros. Esta é uma das rotas com percurso homologado pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.
Essas são atividades que poderão vir a ser desenvolvidas no futuro e em articulação entre várias entidades. O certo é que, ainda nesta primavera, os passadiços vão estar prontos a ser calcorreados e poderão constituir uma boa opção de visita em período de desconfinamento da pandemia.
Jerónimo Belo Jorge