Uma aplicação para telemóvel que funciona como audioguia de suporte a visitas é lançada na quarta-feira pelas Grutas de Mira de Aire, numa iniciativa que assinala 75 anos sobre a descoberta daquela formação subterrânea do concelho de Porto de Mós, distrito de Leiria.
Desenvolvida com conteúdos originais produzidos em estreita colaboração com a Sociedade Portuguesa de Espeleologia (SPE), a nova plataforma dá a conhecer a história e 26 pontos de interesse das Grutas de Mira de Aire em cinco idiomas áudio (português, inglês, espanhol, francês e alemão), língua gestual portuguesa e também numa versão infantil pensada para crianças, avançou a administração.
A apresentação e lançamento da ‘app’, disponível gratuitamente para Android e para iOS, acontece na quarta-feira, dia em que se assinalam os 75 anos da descoberta da gruta por Ernesto Morais, o primeiro explorador - é ele que inspira a personagem do audioguia onde, na primeira pessoa, dá explicações e conta histórias aos visitantes.
O novo recurso “torna a visita à gruta mais acessível (e inesquecível)”, garantiram os responsáveis pelas grutas, que assim oferecem a transmissão de informação de forma plural e inclusiva “a todos aqueles que em qualquer parte do mundo queiram ficar a conhecer melhor as Grutas de Mira de Aire”.
“Com esta espécie de audioguia, cada visitante, de forma autónoma, descarrega a aplicação para o seu telemóvel, faz a sua visita e pode ouvir as explicações as vezes que quiser”, explicou à agência Lusa um dos responsáveis pelo desenvolvimento da ferramenta digital, André Coelho, da empresa Realizasom.
Dos mais de 11 quilómetros das Grutas de Mira de Aire - as maiores conhecidas em Portugal -, 600 metros são visitáveis e é ao longo desse troço, que leva os visitantes até uma profundidade máxima de 100 metros, que a aplicação disponibiliza informações sobre pontos de interesse.
“O guião apresentado é um bocadinho diferente dos habituais audioguias”, explicou o responsável, já que a informação científica fornecida pela SPE foi trabalhada para ser transmitida informalmente, como se de uma conversa de Ernesto Morais se tratasse.
“Ele vai dando as indicações, conta umas curiosidades, explica algumas formações e partilha histórias, recordando as dificuldades que os descobridores tiveram na altura”.
A intenção é a de que a descrição “não seja muito científica, mas sim uma explicação mais simples e informal”.
Para esclarecer os turistas estrangeiros - que representam 45% das entradas - “as traduções são feitas por locutores nativos e surgem igualmente em língua gestual portuguesa, o que também é uma inovação”, frisou André Coelho.
A ferramenta é um contributo para “enriquecer a visita”, procurando justificar, até, “que quem já visitou as grutas regresse, porque há muitas coisas que vão ficar a saber e outras que, provavelmente, não repararam”.
A aplicação funciona ‘offline’ e, além dos áudios, contém textos, imagens e vídeos.
Abertas ao público desde 11 de agosto de 1974, as Grutas de Mira de Aire já receberam mais de sete milhões de visitantes, avançou a administração.
Em 2019, antes da pandemia, as grutas receberam 140 mil turistas. Em 2020 registou-se o mais baixo número de visitas desde a abertura de portas, com 59.077 entradas pagas.
Lusa