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Praga de jacintos de água invade rio Sorraia entre Coruche e Benavente

21/08/2019 às 00:00

Uma praga de jacintos de água está a afetar a fauna e a flora num troço de cerca de 18 quilómetros do rio Sorraia, entre Coruche e Benavente, "um problema grave" que se tem acentuado nos últimos dois anos.

O jacinto de água "tomou por completo o curso do rio entre as localidades de Coruche e Benavente", no distrito de Santarém, um "problema grave que se tem acentuado ao longo dos anos", com "troços onde a água nem se vê, tal a quantidade e concentração das plantas" invasoras, disse hoje à Lusa José Pastoria, professor que criou recentemente o movimento ‘Juntos Pelo Sorraia'.

O movimento de cidadania visa "despertar as pessoas e sensibilizar as entidades responsáveis para a resolução de um problema causado por uma espécie infestante que tomou conta do rio de forma galopante criando um denso tapete de plantas sobre o espelho de água", disse.

Segundo José Pastoria, os jacintos “estão a comprometer toda a fauna e a flora da região, além de impedir o usufruto do rio, outrora navegável, com atividades lúdicas e desportivas".

O professor, de 43 anos, natural de Benavente, lembrou que, "no passado, as cheias anuais transportavam as plantas para jusante, onde acabariam por morrer por serem expostas a salinidades mais elevadas", tendo feito notar que, "neste momento, as cheias são muito raras e não têm água suficiente para limpar o rio".

Uma opinião que é partilhada pelos presidentes dos municípios de Benavente e de Coruche que, contactados pela Lusa, afirmaram que a questão é preocupante e que só "uma intervenção de fundo, musculada, e com esforços concertados" se poderá resolver.

"Ver o rio Sorraia contaminado com esta espécie invasora em toda a sua extensão é uma questão que nos preocupa e um problema que se tem agudizado nos últimos anos", disse à Lusa o presidente da autarquia de Coruche, Francisco Oliveira (PS).

Segundo o autarca, está agendada uma reunião no início de setembro entre o Ministério do Ambiente, a Associação de Regantes do Sorraia e os municípios de Coruche e Benavente para se "tentar mobilizar verbas do fundo ambiental que permitam uma intervenção musculada e continuada no tempo, durante dois a três anos, para se tentar erradicar a espécie" do rio.

Por sua vez, o presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho (CDU), aponta as "altas temperaturas, a pouca água e as alterações climáticas" como fatores potenciadores de um "problema muito grave" que afeta o rio Sorraia, tendo defendido uma "ação concertada entre várias entidades para encontrar uma solução em termos técnicos, humanos e financeiros".

As "limpezas pontuais", notaram os dois autarcas, "não resolvem o problema de fundo".

Em nota de imprensa, a bióloga Sandra Alcobia, do movimento ‘Juntos pelo Sorraia', diz que a "planta infestante oriunda da bacia amazónica" (…) "apresenta a particularidade de se reproduzir e replicar muito rapidamente, podendo duplicar a sua população em apenas cinco dias".

"Sendo favorecida por águas ricas em nutrientes, principalmente azoto, fósforo e potássio, encontra ao longo deste rio condições de excelência para a sua propagação, resultantes das atividades agrosilvo-pastoris", conclui.

O movimento ‘Juntos Pelo Sorraia' surgiu após o professor José Pastoria ter gravado um vídeo numa ponte na localidade do Biscainho, em Coruche, ao qual chamou "A morte anunciada de um rio", e que, em poucas horas, teve dezenas de milhares de visualizações e partilhas nas redes sociais, e de onde surgiram também contactos de apoio de entidades e pessoas individuais.

Lusa

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