Os trabalhadores das instituições particulares de solidariedade social estão hoje em greve por melhores salários e condições de trabalho, realizando em Lisboa uma manifestação nacional.
O protesto decorre frente ao Ministério do Trabalho e é convocado pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, afeta à CGTP-In.
Os trabalhadores exigem das entidades empregadoras, entre as quais as misericórdias, respeito pelos seus direitos. Paralelamente, exigem ao Governo que considere nos aumentos das comparticipações do Estado atribuídos anualmente às instituições a atualização salarial.
Os sindicatos frisam que estes trabalhadores não tiveram qualquer valorização remuneratória nos últimos anos. “Contudo, o Governo pôs à disposição do setor social e solidário 1,5 milhões de euros em cada ano, o que representou uma atualização anual dos valores das respetivas comparticipações de 1,3% em 2016, de 2,1% em 2017 e de 2,2% em 2018”, frisa a federação sindical em comunicado.
Os trabalhadores do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA) também aderiram a esta paralisação nacional. Ao que a Antena Livre apurou apenas funcionam os serviços mínimos. Margarida Dias, da Comissão de Trabalhadores, fez questão de começar por afirmar que "as nossas reivindicações têm a ver com a greve nacional e não com os assuntos internos do CRIA, esses são outros”.
A paralisação desta sexta-feira “passa pela tabela salarial que tem que ser revista. Temos uma tabela salarial com níveis muito baixos e agora, com a subida do ordenado mínimo, cinco escalões foram abafados, estão todos a receber o mesmo vencimento. Diferentes categorias, carreiras e responsabilidades diferentes... havia de haver uma proporcionalidade, com um aumento de todos esses níveis, que são 18 e cinco deles estão no mínimo”, explica Margarida Dias.
Nas t-shirt's que alguns funcionários da instituição vestem, pode ler-se “Trabalhador Low Cost”, isto porque, como explica a presidente da Comissão de Utentes, “temos, de facto, vencimentos muito baixos”.
No que concerne às reivindicações por melhores condições de trabalho, prendem-se com “os funcionários dos lares com trabalhos por turnos. É trabalho complicado e mal remunerado”.
Quanto à adesão dos funcionários do CRIA a esta greve, Margarida Dias disse-se “muito contente porque houve uma adesão muito grande”.
Apesar de ainda não ter dados finais, ao que a Comissão de Trabalhadores conseguiu apurar, “o CAO fechou, se não for a 100%, é 99%, nas outras áreas também há representatividade como o pessoal da formação, do RSI, dos serviços administrativos... em 42 anos de história, é a primeira vez que há esta adesão e eu acho que as pessoas começam a ter mais um bocadinho de consciencialização de que é preciso ser o coletivo a trabalhar porque, de outra forma, não vamos conseguir melhorias para o nosso trabalho e para as nossas condições”.
Questionada sobre a situação concreta do CRIA, Margarida Dias disse estarem “num período de acalmia, ou melhor, estamos à espera de ver o que aí vem. Há problemas internos para se resolver, é claro que sim, e estamos com esperança de os ver resolvidos. Há disparidades salariais muito grandes que têm que ser resolvidas. Vamos aguardar mas, para já, o que é importante é que parece que as pessoas se começam a unir”.