O Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA) e o Centro Distrital de Segurança Social de Santarém assinaram esta quarta-feira, dia 1 de setembro, três acordos de financiamento que representam uma almofada financeira anual de cerca de meio milhão de euros.
Depois de ter passado por dificuldades financeiras a direção revela que estabilizou as contas e que, com estes novos acordos, a instituição começa a respirar com um novo fôlego. O seu presidente diz mesmo que já se pode começar a pensar na criação de uma poupança que permita encarar o futuro de uma forma mais equilibrada e tranquila.
Esta quarta-feira a instituição e o Estado assinaram os três acordos que resultaram de uma autorização em regime de exceção por parte do Ministério da Segurança Social, de acordo com a informação avançada por Renato Bento, presidente do Centro Distrital de Segurança Social de Santarém.
Os acordos implicam uma transferência anual de cerca de meio milhão de euros do Estado para estas respostas sociais da instituição social sediada em Abrantes.
Um dos acordos resulta, segundo Nelson de Carvalho, com a regularização de um incumprimento normativo que o CRIA tinha. Ou seja, tinha cerca de 70 utentes num Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) quando estas respostas apontam a 30, de acordo com as regras. Depois tinha 20 utentes no lar/residencial que não tinham qualquer atividade ocupacional o que contraria, igualmente, as definições da Segurança Social.
A solução encontrada pelos técnicos da instituição e validada pela Segurança Social foi a criação de um novo CAO ou CACI (Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão) em Abrantes. Desta forma regularizou-se a situação de incumprimento do CAO existente transferindo dez utentes para esta nova resposta onde se incluíram os utentes do lar/residencial.
É uma estrutura integrada no funcionamento do CRIA que representou uma reestruturação a nível nos recursos humanos e que permite à instituição receber anualmente mais cerca de 110 mil euros por ano como financiamento estatal ao seu funcionamento.
Os outros dois acordos celebrados entre a instituição social e a Segurança Social tem a ver com a entrada em funcionamento do lar e CAO de Mação. A Câmara Municipal de Mação assumiu a reabilitação do antigo quartel dos Bombeiros, no centro da vila, transformando-o para acolher um lar para 19 utentes e um CAO ou CACI para outros 20 utentes.
Com estes acordos o CRIA passa a receber 380 mil euros anuais para colocar esta nova estrutura em funcionamento.
Com estes acordos houve a necessidade de reestruturar os serviços da Instituição para além da contratação de mais profissionais para as unidades de Mação.
Nelson Carvalho, presidente da direção do CRIA, explicou os contornos destes três acordos que representam a sustentabilidade para o futuro da instituição, permitindo a criação de mais vagas para acolher novos utentes que estão em lista de espera.
Por outro lado o presidente da direção da instituição realçou, no caso das unidades de Mação, o tempo que demora a construir o processo. Começou em 2015 numa reunião com o então ministro da Segurança Social, Vieira da Silva. Nesta reunião, em que estiveram o presidente da direção do CRIA e o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, foi apresentada a ideia que teve logo a concordância do governante.
Em 2017 foi celebrado o protocolo entre o CRIA e a Câmara de Mação tendo em vista o processo seguinte, da responsabilidade da autarquia, que era a empreitada superior a 1 milhão de euros para reabilitar o antigo quartel dos Bombeiros e equipá-lo para acolher os utentes.
Referiu Nelson de Carvalho que “Cooperação” é a palavra que deve ficar como o grande destaque desta parceria tripartida que permite dar mais respostas a uma área sensível com é a de apoio a pessoas com deficiência.
Nelson Carvalho, presidente direção do CRIA
Renato Bento, coordenador do Centro Distrital de Segurança Social de Santarém, destacou a almofada financeira que o Estado coloca nas mãos do CRIA que permite à instituição respirar melhor no trabalho que desenvolve. E depois vincou ainda as possibilidades que a área social poderão ter com os quase 500 milhões de euros que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vai disponibilizar.
Renato Bento deixou ainda a nota para a Câmara de Mação, naquilo que foi uma aposta clara de uma autarquia na construção de equipamentos para a área social. De acordo com o dirigente estamos mais habituados a ver a intervenção das autarquias na construção de equipamentos desportivos ou culturais.
Renato Bento, Segurança Social Santarém
Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, mostrou a satisfação pelo acordo que permitirá a entrada em funcionamento, em meados deste mês, do lar e CAO de Mação. O autarca realçou a ligação que o concelho de Mação tem com o CRIA desde sempre. É o CRIA que acolhe os jovens de Mação com necessidades especiais. Agora esse transporte que o Município de Mação fazia todos os dias passa a ser mais ligeiro, uma vez que os utentes do concelho passam a ir para a vila.
Vasco Estrela destacou também o facto de o edifício ter sido construído para apoio às populações, ou seja quartel de bombeiros, e a reabilitação vão permitir continuar na mesma linha, mas agora apoio às pessoas com necessidades especiais.
Vasco Estrela, presidente CM Mação
Presente esteve também o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, que vincou a importância do CRIA nas respostas sociais do concelho e da região, destacando este alargamento "físico" ao concelho de Mação. E depois deixou a nota de que o seu Município não receia a transferência de competências tendo referido que depois da educação e da saúde seguir-se-á a área social.
OCentro de Recuperação e Integração de Abrantes, depois das contas equilibradas, pode começar a respirar e a projetar o futuro com mais sustentabilidade. Com estes acordos o CRIA passa a ter um orçamento anual da ordem dos 2 milhões de euros e tem cerca de 90 funcionários.
Galeria de Imagens