O Sindicato SITE-CSRA manifestou hoje preocupação com o futuro dos 200 trabalhadores da fábrica da Tupperware em Montalvo (Constância), que vai encerrar em janeiro, defendendo a intervenção do Governo e do Ministério do Trabalho na proteção social e económica.
“O Estado, e o próprio Ministério do Trabalho, deveria assumir uma postura diferente sobre o assunto porque são 200 trabalhadores, que arrastam atrás de si famílias, com todo o impacto que isto possa ter para a economia local e nacional, e isso preocupa-nos”, disse hoje à Lusa Ricardo Rodrigues, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE-CSRA).
A fábrica da Tupperware instalada em Montalvo, Constância (Santarém), vai encerrar a atividade no dia 08 de janeiro e despedir os cerca de 200 trabalhadores, informou hoje o presidente da Câmara Municipal.
“Também sabemos que o município já tomou algumas iniciativas, mas o que é certo é que até à data do fecho da fábrica a empresa mantém uma postura fechada, de não diálogo, e daí que eu também ache que os organismos públicos com responsabilidade deveriam intervir e de uma forma muito mais ativa”, declarou o dirigente sindical.
Ricardo Rodrigues já havia antecipado à Lusa que “o encerramento da Tupperware, caso se concretizasse, significaria um drama para as centenas de trabalhadores” e “seria igualmente desastroso para o concelho de Constância, para a região e para o país”, tendo defendido que o problema deveria "merecer a maior atenção e tomada de medidas por parte do Estado e, em particular, do Governo”.
Hoje, o sindicalista reiterou a necessidade da intervenção da tutela e manifestou solidariedade com os trabalhadores que vão ser afetados pelo fecho da fábrica.
“Uma vez que se confirma já o fecho da empresa, o sindicato está de braços abertos e preparado para estar ao lado dos trabalhadores para tudo o que necessitem”, afirmou.
Ricardo Rodrigues, SITE-CSRA
A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, com o anúncio do pedido de declaração de insolvência a ter consequências diretas na unidade portuguesa, hoje conhecidas, e que vai deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali eram efetivos.
“Ontem [quinta-feira] decorreu uma reunião com os trabalhadores da Tupperware onde foi comunicado pelos responsáveis que a fábrica só estará a laborar até 08 de janeiro. Será o último dia e os 200 trabalhadores que lá estão serão despedidos”, disse hoje à Lusa o presidente do município de Constância, Sérgio Oliveira.
Tendo feito notar que “a Câmara Municipal e os seus serviços estão disponíveis para ajudar e apoiar os trabalhadores dentro daquilo que for possível”, o autarca disse ter sido “surpreendido” como o anúncio do fecho da fábrica e que depositava expectativas noutro desfecho.
“É uma notícia triste para o concelho de Constância e para toda a região. A Tupperware, ao longo destes anos, tem tido um papel muito importante no número de postos de trabalho, diretos e indiretos”, declarou.
Diversos partidos políticos e dirigentes sindicais manifestaram ao longo dos últimos meses preocupação com a incerteza sobre o futuro dos 200 trabalhadores da fábrica da Tupperware em Montalvo, tendo criticado a “falta de informação” sobre o processo de falência da multinacional.
No dia 25 de setembro, em comunicado, o presidente da Câmara de Constância havia indicado que o vice-presidente da Tupperware Europa disse não saber o futuro da empresa, que estava “em fase de negociação com os investidores” e a “trabalhar para criar uma estratégia para que empresa seja mais atrativa”.
Acrescentou ainda ter sido informado de que “pararam a produção na Tupperware Portugal, Bélgica e África do Sul, porque têm muito stock”.
Em 18 de setembro, a Lusa solicitou esclarecimentos por escrito à empresa, não tendo obtido resposta até ao momento.