O PSD apontou hoje que o sistema de videovigilância florestal 'Ciclope' está desativado "por caducidade do contrato de manutenção", deixando críticas ao executivo, nomeadamente ao Ministério da Administração Interna.
Num comunicado enviado às redações, os sociais-democratas começam por referir que “a videovigilância florestal constitui um dispositivo tecnológico fundamental na deteção dos fogos florestais” e que os meses de verão “são mais propícios à ocorrência de incêndios e impõem, por isso, a operacionalidade total e permanente de todos os sistemas de televigilância”.
Os deputados do PSD, escrevem, “têm insistentemente alertado o Governo para a caducidade do contrato de manutenção do sistema Ciclope, que cobre cerca de 1.300.000 hectares do território de Portugal continental”.
“Mais de dois meses depois do arranque da época de incêndios, o PSD considera intolerável e absolutamente irresponsável que o Governo persista em aceitar que os sistemas de videovigilância instalados por todo o país voltem a estar ‘em baixo’. Só no distrito de Santarém 13 das 16 câmaras continuam inoperacionais”, adiantam.
O PSD lembra uma pergunta, dirigida ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, em 08 de março, na qual apontavam para “o desentendimento entre as duas entidades públicas envolvidas na vigilância da floresta”, a ANEPC (Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil) e a GNR.
Já no final do mês de abril, cita o partido, Eduardo Cabrita assegurava que o ministério não tinha conhecimento na altura de “qualquer rutura nos sistemas de videovigilância instalados” e que “alguns problemas pontuais que se verificaram na operacionalidade da rede foram prontamente solucionados”, estando a rede de videovigilância “totalmente operacional, quer para a prossecução da missão de vigilância e deteção de incêndios rurais, quer para apoio à decisão operacional”.
“Acontece que hoje, 10 de agosto de 2021, e após reiteradas iniciativas dos deputados do PSD, o sistema Ciclope continua desativado, não estando a funcionar por caducidade do contrato de manutenção”, alerta o grupo parlamentar.
Os sociais-democratas dizem ainda que, “entre as palavras e os atos, há uma grande distância”, ironizando: “O senhor primeiro-ministro é lesto em escrever frases pomposas no ‘Twitter’, sobre as alterações climáticas e a neutralidade carbónica, mas não é capaz de garantir que os meios de videovigilância que o país tem à disposição para prevenir e controlar a propagação de incêndios estão a funcionar em pleno verão?”.
“O grupo parlamentar do PSD coloca nas mãos do Governo e, em concreto no ministro da Administração Interna, o peso deste tremendo desleixo para com as populações, os seus bens e a floresta portuguesa. Para o grupo parlamentar do PSD, a única preocupação é que este sistema esteja operacional quando Portugal mais dele precisa”, concluem.
Duarte Marques diz que o PSD não pode fazer mais do que criticar porque quando levantou a questão em março deste ano, se o ministro da Administração Interna tivesse resolvido o diferendo agora não se estaria novamente nesta crise. Para Duarte Marques isto “revela, claramente a falta de liderança do ministro” e neste momento o PSD “não pode fazer mais do que criticar uma situação que infelizmente é recorrente”.
Duarte Marques, deputado PSD eleito por Santarém
Na apresentação na página oficial do CICLOPE pode ler-se: “o CICLOPE é um sistema de televigilância desenvolvido por uma equipa de investigadores do INOV, altamente experiente no projecto de sistemas de monitorização e controlo remoto. O sistema CICLOPE cobre actualmente cerca de 1.300.000 hectares do território de Portugal continental.
Pelas características dos equipamentos que utiliza, o CICLOPE permite monitorizar remotamente grandes áreas a um custo por hectare bastante reduzido. A utilização simultânea ou individual de câmaras de vídeo da gama do visível e dos infra-vermelhos, assim como LIDAR, permite efectuar observações diurnas e nocturnas com praticamente todas as condições de tempo.
O sistema CICLOPE foi concebido para poder funcionar em qualquer local, dispondo de sistemas de fornecimento de energia e comunicações completamente autónomos.”
No Médio Tejo as torres de videovigilância, igualmente equipadas com estações meteorológicas, estão instaladas em Abrantes (Torre de Telecomunicações de Abrantes e São Facundo), em Alcanena (Serra d'Aire e Santa Marta), Ferreira do Zêzere (Serra de Santa Catarina), Mação (Bando dos Santos), Ourém (Alburitel e Cabeço Óbidos), Sertã (São Macário, Serra do Viseu, Cabeço do Rainho (retransmissor) e Vila de Rei (Melriça).
C/ Lusa
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