Um concerto que vai juntar Fernando Tordo e Fado Bicha, na noite de 24 de abril, será um dos momentos altos da celebração, em Santarém, da Revolução dos Cravos, num programa que vai acolher duas iniciativas da comemoração nacional.
O programa das comemorações da revolução de 1974 em Santarém foi apresentado hoje, no dia que simbolicamente assinala mais dias de vida em democracia do que em ditadura, numa conferência de imprensa que juntou a Câmara Municipal, a associação cultural Comissão para as Comemorações Populares do 25 de Abril e a Associação Salgueiro Maia.
Tendo ambicionado vir a acolher as comemorações nacionais dos 50 anos do 25 de Abril em 2024, dado o papel desempenhado na revolução por Salgueiro Maia – que partiu da Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, à frente de uma coluna militar que rumou a Lisboa na madrugada de 25 de abril de 1974 -, a cidade acaba por acolher várias iniciativas do programa nacional, dada a decisão de não haver nenhuma cidade sede, disse à Lusa o presidente do executivo escalabitano.
Ricardo Gonçalves, o social-democrata que preside à Câmara Municipal de Santarém, salientou que o município estava a trabalhar com o comissário das comemorações, Pedro Adão e Silva, no sentido de a cidade acolher “grandes comemorações e em crescendo até 2024”.
O autarca disse esperar que o agora indicado ministro da Cultura mantenha o compromisso de estar presente na estreia do documentário “Plano B”, a partir do livro do coronel Correia Bernardo, e na conversa prevista para o final, num evento agendado para 20 de abril.
Ricardo Gonçalves destacou que a cidade acolherá dois eventos da programação nacional nos dias 06 – em que os mais jovens são convidados a assistir ao espetáculo “Mais Alto”, no Teatro Sá da Bandeira – e 11 – com uma “antestreia especial” do filme “O Implicado” (que tem antestreia em Lisboa dia 04 e entrada no circuito de cinemas dia 14).
“Não seremos o grande palco, mas seremos um dos grandes palcos das comemorações dos 50 anos do 25 de abril”, declarou.
Numa celebração que se vai estender de 02 de abril a 18 de junho, Santarém será uma das sete cidades que receberá o grande cartaz de homenagem a Salgueiro Maia, esperando que esteja já afixado na esplanada frente ao WShopping no dia em que será prestado tributo ao capitão de abril, na data do seu falecimento (03 de abril), no Jardim dos Cravos.
O vereador com o pelouro da Cultura, o socialista Nuno Domingos, destacou o facto de o espetáculo agendado para a noite de 24 de abril, que decorrerá no Convento de S. Francisco, trazer “dois momentos”, um de memória, com Fernando Tordo, e outro com uma proposta de “confronto com a diferença”, com Fado Bicha, acentuando o respeito pela diferença e pela individualidade do outro como expressão da Liberdade.
O programa, com dezenas de iniciativas, levará, na manhã do dia 25, às ruas da cidade, em três percursos, um “desfile simultâneo de bandas filarmónicas do concelho”, criando um ambiente de festa para celebrar a Liberdade, realizando-se, à tarde, uma “marcha pelo futuro”, que culminará na Igreja da Graça, onde se realiza o tradicional encontro de coros, num dia que ficará ainda marcado pelo já habitual almoço comemorativo do 25 de Abril, no antigo refeitório da ex-EPC.
Ricardo Gonçalves disse à Lusa que, não fosse a atual conjuntura, acreditaria ser possível inaugurar o Museu de Abril e dos Valores Universais (MAVU) na antiga EPC em abril de 2024, como gostaria que acontecesse.
Salientando os “passos concretos” dados desde que foi aprovada a sua criação pelo executivo municipal, o autarca disse acreditar ser possível lançar o concurso ainda este ano, assim que o projeto de execução seja concluído.
“Seria possível, mas não quero estar a prometer”, disse, salientando que, embora atrasado, os ‘timings’ ainda “poderiam ser cumpridos”.
O presidente da associação cultural Comissão para as Comemorações Populares do 25 de Abril em Santarém, João Madeira Lopes, destacou a “conjugação de esforços” que tornou possível o programa hoje apresentado, salientando o facto de ele incluir a “merecida homenagem” ao ator e dinamizador cultural Carlos Oliveira “Chona”, cuja morte, em maio de 2021, representou “uma enorme perda” para a cultura do concelho.
Em sua homenagem, além de lhe ser dedicada a programação deste ano, a iniciativa AbrilArte, de que foi mentor, vai decorrer ao longo de todo o mês de abril, alargando-se a várias freguesias do concelho, como era seu desejo, disse.
Lusa